postado em 01/11/2011 08:48
Depois de sinalizarem que a China estaria disposta a auxiliar na capitalização do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef), dirigentes do país deram declarações que sugerem cautela em relação à crise na Europa. O presidente do gigante asiático, Hu Jintao, afirmou ontem que acredita na capacidade da União Europeia de superar os entraves econômicos, sem deixar claro se Pequim pode ter um papel mais determinante na questão da dívida da Zona do Euro. ;Estamos acompanhando o desenvolvimento econômico com atenção sob as atuais dificuldades. Estamos convencidos de que a Europa tem a sabedoria e a competência para superar os problemas;, afirmou Jintao, em visita à Áustria. Coube ao ministro chinês de Comércio Exterior, Chen Deming, ser mais enfático e reafirmar que a China está disposta a participar da recuperação do bloco. ;Já que todos estão no mesmo barco, precisam cooperar para que a Europa se recupere;, disse o ministro, prometendo dar ;apoio real; aos governos da região. Segundo diplomatas europeus, a China já investiu US$ 500 bilhões na compra de títulos da dívida soberana europeia ; uma forma de financiar os países em dificuldades ; e estaria disposta a contribuir com o Feef, informação não confirmada por nenhuma autoridade chinesa. ;Esperamos mais detalhes técnicos para analisar claramente a situação;, declarou o vice-ministro das Finanças, Xhu Guangyao, no fim da semana passada.
Vínculos
Apesar de terem entre os países da Eurozona os principais parceiros comerciais e destinos de exportações, os países asiáticos têm se mostrado reticentes em anunciar vínculos mais fortes com o fundo de resgate europeu. Autoridades japonesas informaram ontem ao chefe do Feef, Klaus Regling, que continuarão comprando títulos do fundo, mas não se comprometeram a fazer aportes para reforçar o caixa da instituição. Os líderes europeus, por sua vez, tentam atrair a atenção de países com grandes reservas cambiais (o caso de China, Japão e Brasil), sugerindo a criação de bônus específicos às economias emergentes, que seriam usados especialmente para o resgate de países europeus em dificuldade. Os esforços na União Europeia são para elevar a capacidade do fundo dos atuais 440 bilhões de euros para 1 trilhão de euros.
Crise será prolongada
Apesar dos esforços da cúpula da União Europeia e do G-20 (grupo formado pelas 20 maiores economias do planeta) em achar soluções para a crise, a economia mundial continuará sendo arrastada pelas turbulências por um tempo prolongado. A previsão é do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Em uma palestra realizada ontem, o chefe da autoridade monetária deixou claro que o cenário de turbulência persistente levará o governo a continuar adotando medidas, caso seja necessário, para proteger o país.
Para Tombini, os planos da Zona do Euro ;parecem promissores, embora os detalhes sejam críticos para mostrar que estamos avançando para uma solução. É provável que a economia global ainda sofra dos fatores estruturais mencionados;, ponderou. Ao falar sobre o Brasil, Tombini afirmou que a economia continuará crescendo de forma sustentada e ressaltou que, apesar de o país apresentar uma economia sólida, os cuidados continuam sendo tomados, para evitar que os efeitos externos comprometam o desenvolvimento da economia nacional. ;O BC continuará vigilante aos desdobramentos do cenário internacional, adotando, sempre que necessário, medidas para assegurar a funcionalidade de nossos mercados;, comentou.
Meta
Tombini voltou a assegurar que a inflação em 2011 ficará dentro do teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5% ; aposta que já foi aceita pelo mercado, segundo as projeções que constam do Boletim Focus. Ele lembrou que a carestia de 7,31%, acumulada nos últimos 12 meses encerrados em setembro, cederá a partir de outubro. ;O BC entende que ajustes moderados no nível da taxa básica (Selic) sejam consistentes com a convergência para a meta;, concluiu.