Economia

Tesouro Nacional é obrigado a pagar juros de R$ 177,4 bilhões da dívida

Vânia Cristino/ Especial Estado de Minas
postado em 01/11/2011 09:02
Apesar de todo o esforço feito pelo governo para manter as contas públicas em ordem, o Tesouro Nacional foi obrigado a pagar juros de R$ 177,4 bilhões da dívida pública nos primeiros nove meses do ano, volume 26% maior que o desembolsado no mesmo período de 2010. Foi a maior despesa já registrada na série histórica do Banco Central iniciada em 2001. No acumulado de 12 meses, os encargos de R$ 231,6 bilhões também foram recordes.

Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, o aumento da inflação e a ainda elevada taxa Selic (que só começou a cair no fim de agosto) foram fatores preponderantes para a escalada dos gastos com juros. De janeiro a setembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 4,97% contra 3,60% computados nos mesmos nove meses de 2010. Já a Selic passou de 7,03% para 8,71%.

A situação só não foi pior porque o governo vem conseguindo fazer superavits primários (economia para o pagamento de juros) nos níveis prometidos, graças ao forte aumento da arrecadação de impostos. Em setembro, por exemplo, o saldo ficou positivo em R$ 8,09 bilhões, o melhor resultado para o mês desde 2002, se excluído o processo de capitalização da Petrobras, que, em setembro de 2010, resultou em ganhos de R$ 31 bilhões para o Tesouro.

No acumulado do ano, o governo economizou R$ 104,6 bilhões, 82% da meta total de R$ 127,9 bilhões, equivalente a 3,15% do Produto Interno Bruto do País (PIB). Faltam, portanto, R$ 23,3 bilhões para a conta ser fechada. Por isso, nem o economista-chefe do Banco Credit Suisse, NilsonTeixeira, nem o economista-chefe do Eduardo Velho, duvidam do cumprimento do objetivo prometido pelo governo, até porque as receitas vêm crescendo a uma taxa de 20% frente a uma expansão de 10% das despesas.

O problema é 2012, disse Velho. ;Existem dúvidas em relação ao cumprimento da meta cheia de superavit no ano que vem, em função das renúncias fiscais, do ritmo mais fraco do PIB e dos gastos com o salário mínimo, que subirá mais de 14%;, observou. A boa notícia foi que, em setembro, graças à desvalorização do real frente ao dólar, a dívida líquida do setor publicou recuou de 39,2% para 37,2% do PIB, o nível baixo da série histórica do BC.

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