Rosana Hessel
postado em 02/11/2011 08:00
Refletindo o freio generalizado na economia brasileira, a produção industrial caiu 2% em setembro, a maior baixa desde os 2,3% negativos de abril. Na comparação com igual mês de 2010, o recuo foi de 1,6%. O desempenho ruim consolidou uma percepção entre os analistas de que o Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas geradas no país) andará para trás no terceiro trimestre. ;Para nós, esse resultado foi uma surpresa. Ficou pior do que esperávamos. Já estamos corrigindo para baixo nossas estimativas do PIB;, afirmou o economista Felipe França, do Banco ABC Brasil. As previsões do banco eram de queda de 1,6% a 1,8% na produção industrial em setembro. ;Nossa projeção para o PIB do terceiro trimestre era de alta de 0,10%. Agora, com esses números, já estamos prevendo queda de 0,10%;, completou França. O diretor de Pesquisas e Assuntos Econômicos do Bradesco, Octavio de Barros, também avalia que a forte queda na produção em setembro contribuirá negativamente para o crescimento do PIB de julho a setembro. ;A maior parte dos setores apresentou enfraquecimento;, afirmou num relatório. ;Grande parte dessa influência negativa pode ser atribuída ao setor de veículos.;
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam queda de 6,4% na produção de automóveis em setembro. ;A indústria vinha com estoques elevados e concorrências de importados, mas a queda aumentou por causa da produção de veículos. Houve paradas, paralisações e até greves em montadoras;, disse o economista André Macedo, do IBGE. Enquanto isso, as importações de veículos continuam aquecidas. Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, de janeiro a outubro, as compras acumulam alta de 37,9%.
Decreto
Em agosto, entraram 75 mil carros no país. Esse número caiu para 62,8 mil unidades em setembro, em grande parte, graças ao decreto que aumentou em 30 pontos percentuais o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos veículos. Mas, com o adiamento da entrada em vigor da nova lei para 15 de dezembro, as importações voltaram a crescer, chegando a 65,5 mil unidades em outubro. A secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, evitou comentar se o governo prepara outras medidas para conter as importações. ;Estamos analisando;, disse.