Economia

Reunião do G20 deve lançar bases de imposto sobre operações financeiras

Agência France-Presse
postado em 02/11/2011 19:00
CANNES - A reunião do G20 de Cannes permitirá sem dúvida lançar as bases de um imposto sobre operações financeiras, mas diante da hostilidade de Estados Unidos e Grã-Bretanha, sua aplicação poderá limitar-se a um grupo de países da Eurozona.

Nicolas Sarkozy fará todo o possível para que este G20 presidido pela França faça "avançar as linhas a esse respeito", afirmou na segunda-feira Henri Guaino, conselheiro especial do presidente francês. "É um tema capital, tanto para a reforma das finanças como para conseguir dinheiro para combater a miséria", argumentou Guaino.

Por sua vez, o ministro alemão de Finanças, Wolfgang Sch;uble, cujo país também é favorável ao imposto, pediu avanços em uma solução alternativa. "O G20 não pode ser utilizado como desculpa para não se fazer nada (...) eu sou partidário de que avancemos na Europa", disse o ministro.

A ideia de um imposto sobre transações financeiras, herdeiro da "taxa Tobin", ganhou espaço com a crise de 2008. Em 23 de outubro, Nicolas Sarkozy, ao lado da chanceler alemã, Angela Merkel, expressou sua vontade de apoiar essa medida.

Para o Prêmio Nobel de Economia americano, James Tobin, o imposto que leva seu nome deve ser um meio de frear as "idas e vindas" especulativas no curto prazo nos mercados de divisas, ao impor uma pequena taxa às operações.

A ideia foi reavivada por um artigo do jornalista franco-espanhol, Ignacio Ramonet, intitulada "Desarmar os mercados", publicada no jornal Le Monde Diplomatique em dezembro de 1997, o qual foi seguido pela criação do movimento ATTAC.

Rebatizada de "imposto mundial de solidariedade", a nova versão da taxa Tobin teria como meta o auxílio ao desenvolvimento.

A fórmula que será debatida na quinta e sexta-feira na reunião do G20 de Cannes (sudeste da França) é na verdade um meio termo entre a versão antiga e a nova da taxa. A ideia atual seria financiar o desenvolvimento, mas também contribuir para o desendividamento dos países em dificuldades.

Segundo a ONG Oxfam, essa taxa e a imposta às emissões de CO2 do transporte marítimo internacional gerariam "dezenas de bilhões de dólares".

Sarkozy, por sua vez, considera que se trata de uma "obrigação moral", uma vez que, segundo ele, o "sistema financeiro não tem obedecido a nenhuma regra" durante a crise, e a taxa sobre transações financeiras seria uma maneira obrigá-lo a "assumir suas responsabilidades".

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