postado em 05/11/2011 08:00
Cannes, França ; Sob intensa pressão dos mercados financeiros e dos demais países europeus, a Itália aceitou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia (UE) monitorem seu programa de ajuste fiscal, que inclui privatizações e reformas da previdência social e das leis trabalhistas. O monitoramento, no entanto, não envolverá socorro financeiro, segundo o primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que disse ter recusado uma oferta de ajuda do fundo para que o país supere a crise econômica. A concessão feita por Berlusconi foi uma tentativa de melhorar a situação do país nos mercados de bônus governamentais, que piorou sensivelmente depois que a malfadada tentativa do governo da Grécia de submeter um plano de ajuda ao país a referendo popular lançou a Zona do Euro em um novo torvelinho de incerteza econômica. Ostentando uma dívida pública de 1,9 trilhão de euros, equivalente a 120% do Produto Interno Bruto, a Itália foi engolfada pela onda de desconfiança e, nos últimos dias, viu o custo de financiamento de seus títulos disparar para mais de 6% ao ano ; nível que, se mantido por muito tempo, pode levar o país a uma situação de perigosa falta de liquidez.
Ao mesmo tempo, o enfraquecimento político de Berlusconi, que passou a ser combatido por parlamentares da sua própria base de apoio, gerou dúvidas sobre a capacidade do governo italiano de implementar as duras medidas de austeridade necessárias para evitar o colapso da dívida e tranquilizar os credores. ;Nós precisamos garantir que haja credibilidade nas metas da Itália ; que o país as cumpra. Nós decidimos ter o FMI envolvido no monitoramento, usando sua própria metodologia, e os italianos dizem que não têm problema nenhum com essa supervisão;, disse uma fonte da UE à Agência Reuters. ;Nós verificaremos a implementação das medidas prometidas;, explicou a diretora gerente do fundo, Christine Lagarde.
Segundo o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, serão feitos relatórios trimestrais sobre o andamento das medidas e o trabalho começará já na próxima semana. A submissão de Berlusconi à fiscalização do FMI vai na direção contrária das manifestações que têm sido feitas por integrantes do G-20, como a presidente Cristina Kirchner, da Argentina, país que, no início da década passada, decretou moratória e rompeu com o organismo. Na quinta-feira, Cristina atacou diretamente o fundo, dizendo que os remédios prescritos pela entidade somente pioram a situação dos países submetidos a sua supervisão.
O primeiro-ministro italiano, contudo, parece neste momento não ter alternativa diante da situação econômica do país e da progressiva erosão de seu poder político. Ontem, ele disse que não tem intenção de renunciar. Segundo Berlusconi, ninguém mais do que ele poderia representar com autoridade a Itália no exterior.
Emprego nos EUA melhora
A economia dos Estados Unidos gerou menos postos de trabalho que o previsto em outubro, mas a queda da taxa de desemprego para 9%, a mínima em seis meses, e melhoras nas estimativas dos meses anteriores apontaram certa força no mercado de trabalho. Foram abertos 80 mil empregos no mês passado, informou o Departamento de Trabalho, decepcionando expectativas de um ganho de 95 mil. Porém, os números de agosto e setembro foram revisados para mostrar criação de 102 mil vagas a mais do que o estimado inicialmente. Além disso, a taxa de desemprego, que estava em 9,1% em setembro, caiu mesmo com mais pessoas entrando no mercado de trabalho.