Agência France-Presse
postado em 05/11/2011 12:22
PARIS - A Unesco não atravessa uma "crise" financeira devido à suspensão do financiamento dos Estados Unidos, afirmou neste sábado (05/11) sua diretora-geral, Irina Bokova, após se reunir com a presidente brasileira Dilma Rousseff, num momento em que o Brasil deseja dirigir o conselho executivo do organismo."Não é uma crise. São dificuldades que superaremos", respondeu Bokova à imprensa, quando perguntada sobre como cobrirá o déficit provocado pela falta de fundos que os Estados Unidos entregariam antes do fim do ano.
"Estamos pensando nisso agora mesmo", disse Bokova após se reunir com Dilma por mais de 45 minutos, na primeira visita da presidente brasileira à sede parisiense da Unesco. Este encontro foi apresentado como uma "visita de cortesia", após a qual Dilma se retirou sem fazer declarações.
Interrogada sobre se o Brasil estaria disposto a dar mais fundos à Unesco, Bokova disse que "não falamos sobre isso", mas garantiu que o "Brasil apoia todas as atividades da Unesco".
Os meios de comunicação presentes insistiram sobre se Bokova e Dilma falaram da crise financeira da Unesco, e a chefe desta organização respondeu que "recebemos um forte apoio do Brasil".
Ela também ressaltou que Dilma considerou que "a decisão da Unesco sobre a admissão da Palestina era muito bem-vinda para o Brasil, já que o povo palestino tem o direito".
A presidente brasileira "disse que, fazendo isso, a Unesco demonstrou mais uma vez que é uma organização extremamente importante da ONU", acrescentou Bokova.
A Unesco admitiu no dia 31 de outubro a "Palestina como novo Estado membro", após uma votação em sua 36; Conferência Geral da organização, em Paris, que constituiu uma primeira vitória diplomática para os palestinos em sua aspiração por se tornar um Estado soberano.
Os Estados Unidos, que deveriam entregar à Unesco cerca de 60 milhões de dólares em novembro, fornecem 22% do orçamento regular bianual desta organização, que chega a 653 milhões de dólares.
Ao mesmo tempo, a Unesco conta com um orçamento extraordinário que para o período 2012-2013 superou os 500 milhões de dólares.
Esta primeira visita oficial de Dilma à Unesco ocorre dias antes do conselho executivo, órgão máximo de governo deste organismo, eleger seu presidente, cargo aspirado pelo Brasil.
O conselho executivo, formado por 58 países, acaba de renovar 30 de seus membros. A votação para eleger a nova mesa (presidente, vice-presidente, presidentes de comissões e comitê) está prevista para a próxima sexta-feira.
Além do Brasil, que conta com o apoio da maioria dos países latino-americanos, segundo fontes diplomáticas consultadas pela AFP, Barbados também sonha com este posto.
O Brasil, que conta com um grande escritório da Unesco em Brasília, tem 18 sítios naturais e culturais na lista do Patrimônio Mundial.
Durante o encontro, Bokova e Dilma falaram da cooperação entre a Unesco e o Brasil, de desenvolvimento sustentável, biodiversidade e educação, indicou a diretora-geral, que comemorou o "forte apoio" brasileiro no "diálogo entre culturas e na luta contra a discriminação".
Após a reunião, Bokova presenteou Dilma com um livro sobre a história da África traduzido recentemente para a língua portuguesa.
O Brasil, uma das grandes economias emergentes do mundo, também deseja se tornar membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.
A presidente brasileira chegou a Paris depois de participar da Cúpula de chefes de Estado e de Governo do G20 em Cannes (sul da França). Após a visita à Unesco, deve retornar ao Brasil, segundo fontes de sua comitiva.