Vera Batista
postado em 09/11/2011 08:43
A crise econômica na Europa ;está pior; e já está provocando saída de capitais de alguns países emergentes, advertiu ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que acusou os líderes europeus de atuarem tardiamente para enfrentar a situação. ;A crise não está sendo resolvida satisfatoriamente, diria até que está um pouco pior;, afirmou. ;O caso da Grécia ainda não está resolvido e agora apareceu o problema da Itália, que é muito maior. Estão deixando a coisa degringolar.;
Segundo Mantega, embora a economia italiana seja mais sólida do que a grega, os mercados funcionam com base na expectativa e na confiança, ;e o fato é que ainda não foi possível recompor a confiança na Europa;. De acordo com o ministro, o Brasil não está entre os países afetados por fuga de recursos. Os que mais sofrem são ;os que não possuem volume de reservas elevado, que mostram uma fragilidade cambial maior;. ;Mas temos que nos preocupar com isso, porque caso os emergentes sejam alcançados pela crise, a situação internacional vai se deteriorar ainda mais;, disse.
Com a recessão batendo às portas da Europa e a persistente debilidade dos Estados Unidos, a economia brasileira já vem sendo prejudicada. A perda de dinamismo global já levou as previsões oficiais de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos 5% anunciados no início do ano para perto de 3%. Com a turbulência na porta, a presidente Dilma Rousseff, além disso, já deixou claro que a ordem é manter o rigor nas contas públicas para não dar qualquer motivo de desconfiança na solidez econômica do país.
Ajuda
Mantega negou informações de que o Brasil tenha oferecido um reforço de US$ 10 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI), para ajudar os países da Zona do Euro, na recente reunião do G-20, o grupo das maiores economias do mundo, em Cannes, na França. ;Não foi feita nenhuma proposta concreta em números, mas isso não quer dizer que isso acontecerá no futuro;, afirmou.
O governo já deixou claro que prefere ajudar a Europa através do FMI, em vez de comprar títulos do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef). A disposição de fortalecer o FMI foi discutida entre os Brics, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China, mas, segundo Mantega, o dinheiro extra seria utilizado não apenas pelos europeus, mas por todos os países que precisassem de ajuda em caso de agravamento da crise.
Para os europeus, a ajuda dependia da realização do ;dever de casa;, como a ampliação e a reestruturação do Feef, a utilização correta do Banco Central Europeu (BCE) e a resolução do problema fiscal da Grécia. Como nada disso foi ainda concretizado, não houve proposta. ;Nenhuma cifra foi definida. Nem dos chineses nem dos japoneses nem dos americanos e tampouco do Brasil;, explicou o ministro da Fazenda. ;Nós pressionamos bastante (pela solução da crise). Mas eles têm lá os seus problemas políticos para resolver;, disse.
Anos de baixo crescimento
As economias maduras passarão por um período longo de fraca atividade econômica. ;O cenário para os próximos anos é muito provavelmente de baixo crescimento das economias maduras. E a curto prazo estamos vivendo um período de maior volatilidade e incertezas;, disse o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Luiz Awazu Pereira, durante seminário promovido pela Caixa Seguros. Segundo ele, a crise exige ;respostas rápidas, abrangentes e mensagens harmônicas e claras por parte dos formuladores de política econômica;. Awazu disse ainda que o sistema financeiro nacional é sólido, o que garante a estabilidade e a credibilidade dos ativos brasileiros.