Agência France-Presse
postado em 09/11/2011 16:31
BRUXELAS - Nas últimas horas, os líderes dos governos da Itália e da Grécia, Silvio Berlusconi e Georges Papandreou, anunciaram suas renúncias, mas eles não serão os únicos derrubados pela crise, afirmam especialistas.Berlusconi prometeu renunciar após a aprovação das medidas de austeridade prometidas à UE no Parlamento, o que acontecerá no final de novembro. "Com a Itália, serão dez o número de governos da União Europeia", que desde 2010 tiveram eleições antecipadas ou líderes políticos derrubados, disse Jean-Dominique Giuliani, presidente da Fundação Schumann.
Na Grécia, o socialista Papandreou anunciou sua saída do cargo após uma semana de agitações políticas e sociais seguidas pela alta volatilidade dos mercados. A crise também desestabilizou os governos de Portugal, Irlanda, Reino Unido, Hungria, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia e Espanha.
Em Portugal, o ex-primeiro-ministro, José Socrates, renunciou em março, depois que o Parlamento rejeitou seu plano para reduzir o déficit. As perspectivas ainda não são boas para Lisboa. O atual governo de centro-direita de Pedro Passos Coelho enfrentará em 2012 uma contração de 2,8% de seu PIB.
Apesar da ajuda financeira da UE e do FMI desde maio, Portugal será obrigado a realizar mais reformas draconianas nos próximos três anos em troca de um empréstimo de 78 bilhões de euros.
Pressionado pela crise, o chefe de Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, foi forçado a adiantar as eleições gerais para o dia 20 de novembro. Todas as pesquisas de opinião indicam que o Partido Popular (PP) (de direita) do candidato Mariano Rajoy derrotará os socialistas, no poder desde 2004.
A crise "também tem grandes chances de acertar a (chanceler alemã, Angela) Merkel e o presidente francês, Nicolas Sarkozy devido a sua estrepitosa gestão", opinou Peter Morici, da Universidade de Maryland.
Sarkozy deverá fazer malabarismo para reverter sua baixa popularidade (36%). O candidato socialista, François Hollande, é o favorito na eleição presidencial daqui a seis meses. "Por toda parte na Europa, existe um eleitorado que protesta contra os planos" da Eurozona, afirmou Charles Kupchan, ex-diretor de assuntos europeus no Conselho de Segurança Nacional.
Em momentos críticos como este, os especialistas alertam contra o "forte aumento do populismo" na Europa. Segundo estudo recente do centro britânico Demos, baseado em redes sociais, a extrema-direita aumentou entre os jovens da UE.
Contudo, a crise provocou o fortalecimento de movimentos sociais como "os indignados", que desde seu início na Espanha, propagaram-se por todo o mundo, gerando enormes manifestações de protesto contra o sistema financeiro.