Agência France-Presse
postado em 10/11/2011 17:42
ATENAS - Depois de árduas negociações, a presidência grega designou, nesta quinta-feira (10/11), Lucas Papademos para dirigir o novo governo interino de unidade nacional, encarregado de aprovar o plano de resgate imposto pela Europa, com novas medidas de austeridade.O anúncio foi feito pela presidência da República depois de mais de quatro horas de reunião entre os líderes de três partidos, o PASOK, socialista; o da oposição Nova Democracia (conservador) e a formação de ultradireita LAOS, e seguiu-se à demissão do primeiro-ministro socialista Georges Papandreou. "Chegou-se a um consenso: a missão do governo é a implementação das decisões da reunião de cúpula da Zona do Euro de 26 de outubro, e da política econômica vinculada a essas decisões", diz o comunicado divulgado ao final da reunião.
As disposições tomadas incluem a eliminação de 50% da dívida grega em mãos de investidores privados, e uma nova ajuda de 130 bilhões de euros em créditos e garantias para a Grécia, desde que o país adote um comportamento mais rigoroso com suas contas.
Não foi divulgada nenhuma informação sobre a data das eleições antecipadas pedida pela direita para participar deste governo de coalizão. "Estou convencido de que a participação da Grécia na Zona do Euro é garantia de estabilidade monetária e um fator de prosperidade econômica", disse à imprensa Lucas Papademos, logo depois de receber do presidente Carolos Papulias a tarefa de formar um governo de transição.
O novo premier grego foi vice-presidente do Banco Central Europeu entre 2002 e 2010. Os representantes dos três partidos voltaram a se reunir à tarde para fixar a composição do novo governo de coalizão, informou uma fonte da direita. Por enquanto, ainda não foram anunciados os nomes dos novos ministros, o que poderá acontecer ainda hoje.
A escolha de Papademos, de 64 anos, que foi também governador do Banco Central da Grécia, acontece depois de quatro dias de negociações intensas, acompanhadas com preocupação e impaciência pela União Europeia e o Fundo Monetário Internacional, que pediram uma saída política "clara" para salvar o país da quebra.
A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, que está em Pequim, pediu de lá mais "transparência política" à Grécia e à Itália, para acalmarem um mercado desestabilizado depois do anúncio da saída dos chefes de governo destes dois países europeus.
A Comissão Europeia exortou o novo governo de coalizão da Grécia a "transmitir mensagem de confiança" a seus parceiros europeus. A Comissão oficializou, também nesta quarta-feira, os sombrios prognósticos da economia do país, que prosseguirá em recessão em 2012, com uma contração do PIB prevista de 2,8%. Essa previsão agrava, mecanicamente, as estimativas do déficit público para o ano que vem.