Vera Batista
postado em 11/11/2011 08:34
Guido Mantega, ministro da Fazenda" />A certeza de que o Brasil não será poupado da crise internacional levou o titular da Fazenda, Guido Mantega, a admitir adoção de medidas para fortalecer a economia em 2012. O ministro não quis detalhar os planos do governo para encarar as turbulências que vêm de fora, mas estudos sobre possíveis ações, sobretudo aquelas com objetivo de estimular o mercado interno, a exemplo do que foi feito após a crise de 2008, são uma prioridade na Esplanada dos Ministérios. Cogita-se, nos bastidores, que o próximo passo seja a retirada das chamadas medidas ;macroprudenciais; adotadas pela equipe econômica antes do agravamento da crise, como o encarecimento dos financiamentos de longo prazo.
;É preciso que nós estejamos sempre tomando medidas para o fortalecimento da economia brasileira, sobretudo que mantenhamos uma situação fiscal sólida, porque os países que estão sofrendo têm situação fiscal frágil;, afirmou Mantega. Mas ele procurou amenizar expectativas do mercado com um possível afrouxamento das medidas de restrição ao crédito. Alegou que, depois de a economia ter desacelerado, ela voltará a crescer nos próximos meses.
Desaceleração
Embora não tenha deixado claro quais serão os próximos passos para o enfrentamento da crise, o governo aumentou ontem repasses a estados ; o desembolso chegou a R$ 37 bilhões ;, elevando, assim, o volume recursos para investimentos disponíveis na economia. Também sancionou a Lei do Supersimples, que reduz a tributação para pequenas empresas e estimula o setor privado. ;Estamos indo bem aqui no Brasil. Tivemos uma desaceleração da economia, mas ela tende a acelerar no fim do ano, com o pagamento de 13; (salário);, afirmou Mantega.
A opinião do ministro, no entanto, é bem diferente quando o assunto é a Europa. ;Novos países entraram na alça de mira de problemas de dívidas soberanas e do sistema bancário. A Itália está entrando nessa rota. Em vez de o problema melhorar, só piora;, advertiu. ;Acho que eles (autoridades do governo italiano) vão conseguir resolver. Mas nós temos que estar preparados para o baixo crescimento global;, completou. A presidente Dilma Rousseff, que na semana passada, discutiu os problemas europeus durante a Reunião de Cúpula do G-20, na França, não se mostrou tão pessimista. ;O Guido ficou apreensivo, mas eu não;, brincou ela, ao se referir aos reflexos da crise sobre o Brasil. Mas Dilma reiterou que o governo trabalha para estimular o consumo e o desenvolvimento.
FMI pede apoio chinês
Numa tentativa de abrandar a instabilidade na Grécia e na Itália, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, pediu ajuda às autoridades chinesas para esclarecer aos mercados a participação de Pequim no Fundo de Europeu Estabilidade Financeira (Feef). ;Esse esclarecimento político é necessário em Atenas e Roma, já que favorecerá a estabilidade;, declarou Lagarde, em viagem à China. Num momento em que o euro ficou abaixo de US$ 1,35 e que as bolsas de todo o mundo estão desestabilizadas, a Zona do Euro está buscando multiplicar a capacidade do Feef. Daí a preocupação de que o país asiático mantenha sua promessa de contribuir para o fundo.