Economia

Documentos extraviados podem causar transtorno nas compras a prazo

postado em 13/11/2011 11:37
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O fim de ano está chegando e muitos já se preparam para as tradicionais compras de Natal, que, por sinal, serão facilitadas pelo Banco Central. Preocupada com a possibilidade de a atividade econômica levar um tombo e o país mergulhar na recessão, a autoridade monetária decidiu estimular o crédito, desde que os pagamentos sejam feitos em até 60 prestações mensais. Mas é preciso ficar atento. Justamente na hora de levar o presente dos filhos ou dos pais para casa, os consumidores podem se deparar com uma situação extremamente desagradável: descobrir que está com o nome sujo na praça. Ou seja, incluído na lista de maus clientes do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e da Serasa.

Em boa parte dos casos, essa surpresa nada animadora decorre de falhas dos próprios consumidores. Vítimas de furtos de carteiras e bolsas ou mesmo da própria despreocupação que leva a perdas de documentos, não se lembram de agir rápido e registrar uma ocorrência policial. O certificado emitido pela Polícia Civil é um comprovante essencial para se provarem os mal-entendidos. Mas há opções adicionais para se manter seguro, como um cadastro, gratuito, no site da Serasa. A partir daí, é só tirar uma segunda via dos documentos e seguir em frente nas compras natalinas (veja quadro).

O presidente da Serasa Experian, Ricardo Loureiro, reconhece que todo cuidado é pouco diante de estelionatários que usam documentos roubados ou perdidos para dar golpes no comércio. Por isso, explica ele, a empresa decidiu oferecer um serviço complementar à ocorrência policial para evitar transtornos aos consumidores. Ele garante que os cadastros no site da companhia são seguros e mantidos sob sigilo. O sistema permite aos usuários identificar, via internet, quando há utilização irregular de seus documentos. ;É uma forma segura e prática de saber se os dados extraviados estão sendo usados para compras e abertura de crédito. Ao perceber algo desconhecido no cadastro, o consumidor deve entrar em contato com a Serasa;, diz. Ganham os dois lados: a empresa, ao aumentar seu banco de dados, e o usuário, que fica menos vulnerável.

Conferência
Assim como o consumidor, os comerciantes também são vítimas dos estelionatários. Para auxiliá-los, a Serasa mantém um serviço de alerta por meio do qual, mediante a informação do CPF do cliente, é disponibilizada uma nota de risco para a transação. Ao fazer a consulta, o vendedor evita o uso indevido de documentos e protege a identidade do titular. ;É um forma de se impedirem prejuízos futuros;, define Loureiro. Mas o bom e velho hábito da conferência dos dados dos documentos pessoais ainda é a maior garantia para lojista e consumidores.

Para o empresário se proteger de fraudes, é preciso ficar atento a algumas dicas, como pedir documentos originais e verificar se as informações fornecidas pelo cliente são verdadeiras, confirmar a relação de endereço e telefone, além de analisar se o comprovante de residência está no nome do comprador. Nesse ponto, porém, a maior dificuldade para se evitarem golpes é a resistência do próprio consumidor, que se sente humilhado quando instado a mostrar seus documentos. Todavia, se todos concordassem com a conferência dos dados, os falsários estariam com os dias contados.

Mas, mesmo com todos os cuidados contra os estelionatários, a professora Maria da Conceição da Silva, 58 anos, não se livrou de ver seu nome incluído no SPC. Seis meses depois de um assalto, no qual teve todos os seus documentos roubados, ela recebeu uma carta de cobrança de uma loja de roupas no valor de quase R$ 2 mil. ;Quando abri a fatura, levei um susto, pois não havia comprado naquela loja e muito menos feito um cartão por meio do qual as dívidas foram feitas;, conta. Para resolver o transtorno, Maria da Conceição foi até ao local e conversou com o gerente. ;Levei o registro da ocorrência policial e, dois dias depois, o meu nome estava liberado;, relata.

Cuidados
A estudante Renata Brás, 25 anos, nem pensa em ter o nome incluído na lista de maus pagadores do SPC e da Serasa. Também vítima de um assalto, ela tomou todas as precauções possíveis. Ligou para o banco, cancelou os cartões de crédito, registrou o caso na Polícia Civil e pediu ao gerente de sua conta bancária que informasse quando houvesse qualquer movimentação suspeita. ;Ainda tenho medo de que os assaltantes usem meus documentos para fazer compras. Não me sinto segura, mesmo depois de ter registrado as queixas nos meios disponíveis;, admite.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) orienta aos consumidores em situações muito comuns quando há registros de roubo, furto ou extravio de documentos. A recomendação é ignorar telefonemas ou e-mails de supostos funcionários de instituições financeiras, principalmente se, do outro lado da linha, pedirem para falar ou digitar senhas e dados pessoais. A Febraban esclarece que ninguém está autorizado a pedir tais informações por telefone ou pela internet. Outro golpe comum é quando os criminosos vão até a residência ou o local de trabalho do cliente. Não raro, nessas situações, os estelionatários pedem ao dono da senha que a digitem em algum equipamento eletrônico ; um ato que em nenhuma hipótese deve ser consumado. Mas, se ocorrer, o banco deve ser avisado imediatamente.


80% de solução

O Procon alerta que a primeira tentativa para solucionar as cobranças indevidas referentes ao extravio de documentos é procurar o estabelecimento comercial ou bancário envolvido, o que pode ser feito por meio do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) ou da ouvidoria da empresa. Toda a negociação deve ser feita por escrito ; de preferência, por meio de carta com aviso de recebimento, fax ou e-mail ;, para que o consumidor tenha um comprovante da solicitação. Se houver resistência, basta procurar uma unidade do órgão de defesa do consumidor levando o Boletim de Ocorrência. Cerca de 80% dos casos são resolvidos.


Ainda tenho medo de que os assaltantes usem meus documentos para fazer compras. Não me sinto segura, mesmo depois de ter registrado as queixas nos meios disponíveis;

Renata Brás, estudante

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