Economia

Busca por crédito recua 4,6% em outubro em relação a setembro

Vera Batista
postado em 15/11/2011 08:29
A busca por crédito, de acordo com a Serasa Experian, caiu 4,6% em outubro em relação a setembro, no segundo mês seguido de queda. Embora em relação ao mesmo período do ano passado tenha subido 0,1%, essa é a menor taxa anual desde outubro de 2009. No ano, o indicador ainda registra alta acumulada de 10,5%. O comportamento cauteloso do consumidor, segundo os analistas, mostra que o Natal deste ano não deve ser exuberante como no ano passado. ;Não vai haver uma corrida ao consumo, apenas porque o crédito está farto. A inflação em alta e a crise na Zona do Euro já são fatores limitadores. E se o trabalhador não estiver confiante no futuro, não tem incentivo que o faça gastar;, analisa o economista Alex Agostini, da gestora de risco Austin Rating.

As medidas de afrouxamento do crédito de curto prazo, tomadas pelo Banco Central na semana passada, segundo analistas, foram muito mais uma tentativa de sinalizar melhores expectativas para o ano que vem do que uma intenção de levar os brasileiros às compras neste final de 2011. O BC aliviou restrições que havia imposto ainda em 2010 sobre o crédito consignado, o financiamento de veículos e o crédito direto ao consumidor.

Além disso, foi revogado o aumento do limite mínimo de pagamento dos cartões de crédito para 20% da fatura. Isso reduzirá o nível de comprometimento da renda dos consumidores com débitos que, segundo a Federação Brasileira de Banco (Febraban), está em 24% do salário.

Inadimplência
Nicola Tingas, presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimentos (Acrefi), lembra que o governo esperava, no início do ano, que a carteira total de crédito do sistema financeiro tivesse uma expansão de 15%, em 2011. Porém, até outubro, o volume de dinheiro emprestado cresceu mais de 19%. Os números são a prova, diz, de que as chamadas medidas macroprudenciais não tiveram uma resposta poderosa.

O cenário, porém, mudou. ;Não se esperava tsunami no Japão, Primavera Árabe e piora da crise na Europa. Tudo isso estancou o crescimento real da renda e do emprego. Os níveis de inadimplência, em março e abril, assustaram o sistema financeiro. Chegamos ao fim do ano, e o governo precisava acenar com a possibilidade de um pós-reveillon mais tranquilo;, diz Tingas.

Ele relata que a conjuntura piorou pela perda de vitalidade da economia chinesa e com a ameaça inédita de calote dos Estados Unidos. Com isso, o PIB brasileiro do terceiro trimestre vem fraco e o dos últimos três meses deve chegar pior ainda. O cenário ficou preocupante para ajuste de orçamento, para a tomada de decisão das empresas e do sistema financeiro. ;Assim, o governo, acertadamente, atuou desde já para garantir investimentos e impedir que o PIB cresça menos de 3% no ano que vem.;

BB corta as taxas
O Banco do Brasil anunciou ontem que reduziu os juros nas linhas de empréstimo consignado, crédito pessoal e financiamento de veículos, em sintonia com as medidas anunciadas na sexta-feira pelo Banco Central para aumentar a oferta de crédito no fim de ano. Segundo o vice-presidente de Varejo do banco, Paulo Rogério Caffarelli, a decisão visa contribuir com o aquecimento da economia através do crédito de consumo. Na média, o juro mensal caiu entre 0,20 ponto e 0,50 ponto percentual nas várias operações beneficiadas. No crédito consignado para servidores federais, por exemplo, a taxa recuou de 2,50% para 2,17% ao mês.

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