[FOTO1]Bruxelas ; A Europa está à beira da recessão, risco que ficou evidente ontem com novos dados oficiais. A Zona do Euro ficou estagnada no terceiro trimestre deste ano, com leve alta de 0,2% no Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas), igual desempenho do trimestre anterior. Segundo o órgão de estatísticas Eurostat, o PIB do grupo de 17 países da moeda comum até cresceu 1,4% em ritmo anual. Mas, apesar das duas maiores economias europeias terem registrado números trimestrais pouco melhores, com expansões de 0,5% na Alemanha e de 0,4% na França, outros países afundaram, casos da Grécia (-5,2%), Portugal
(-0,4%) e Espanha (0,0%). Para analistas, a crise de dívida da região pesa muito no sentimento e na confiança do consumidor.
O novo presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, previu que o bloco sofrerá ;leve recessão; até o fim do ano, visão reforçada pelo coordenador do Centro Europeu de Pesquisas Econômicas (ZEW, na sigla em alemão), Michael Schroeder. ;Os riscos de recessão aumentaram e o PIB alemão deverá encolher no primeiro de 2012;, disse. Numa mostra do mau momento por que passa a Europa, a segunda maior montadora europeia de automóveis, a francesa PSA Peugeot Citroen, cortará 4 mil empregos na França em 2012, parte do plano para eliminar 6 mil empregos na região. O anúncio levou centenas de empregados a protestar em frente à sede da empresa, em Paris.
Pelo segundo dia, as bolsas de valores europeias caíram, refletindo o resultado ruim do PIB e a pressão maior sobre ações de bancos franceses, em meio de temores de que a segunda maior economia do bloco será sugada pela crise fiscal da região. As maiores quedas foram em Paris
(-1,92%), Madri (1,61%) e Milão (1,08%). Na mão inversa, Nova York fechou no azul (0,14%). A França foi o principal alvo dos mercados globais, além das preocupações com o desempenho dos novos líderes de Itália e Grécia, os tecnocratas Mario Monti e Lucas Papademos, respectivamente. Eles têm a missão de impor duras medidas de austeridade e reformas econômicas.
Alarme
Os bancos franceses estão entre os maios credores da dívida pública italiana. Por essa razão, a dificuldade mostrada pela França em realizar ajustes rápidos levou especialistas a soar o alarme do euro. O receio é que o país tenha sua nota de risco, a mais segura (AAA), rebaixada. O governo francês já anunciou medidas, no começo deste mês, medidas para apertar o cinto, com 65 bilhões de euros de aumento tributário e cortes orçamentários em cinco anos. O presidente Nicolas Sarkozy tenta preservar o crédito internacional do país e suas chances de reeleição daqui a seis meses.
Ainda tomado pela desconfiança de investidores, a taxa de retorno dos títulos soberanos da Itália com vencimento em 10 anos voltou a disparar ontem acima dos 7%, nível considerado insustentável a longo prazo e um dos fatores que aceleraram a queda de Silvio Berlusconi no último fim de semana. Em situação igual, a Espanha pagou os maiores juros desde 1997 para vender pouco mais de 3 bilhões de euros em papéis de 12 e 18 meses. Na segunda-feira, a Itália vendeu 3 bilhões de euros em bônus de cinco anos a 6,29%, um recorde na história do euro. Isso deixou ainda pesados os esforços do país para conter sua dívida, avaliada em 1,9 trilhão de euros.
Diante do crescente quadro de instabilidade, o Parlamento Europeu aprovou lei que limitará a especulação com a dívida dos países da região, proibindo a partir de 1; de dezembro ;vendas a descoberto; (sem ter os papéis em mãos) dos títulos da dívida soberana e passando a regular esse mercado a partir de 2012.