Apesar de um dia sem grandes sobressaltos nas principais bolsas mundiais, a expectativa de taxas de risco elevadas para os títulos da Itália e da Espanha ainda poderão causar estragos, dizem analistas. A expectativa é de que os dois países ajam rapidamente para recuperar a confiança do mercado, pois a União Europeia (UE) não terá condições de socorrê-los em caso de uma quebra semelhante à que atingiu a Grécia. Roma e Madri foram obrigados a pagar taxas muito elevadas na emissão de seus títulos desta semana, o que deixou o mercado tenso.
Ontem, após um alívio momentâneo com a formação do novo governo italiano, liderado por Mario Monti, as bolsas fecharam em direções opostas, com ligeiras perdas e leves altas mundo afora. Londres recuou 0,15%. Os dois pregões franceses fecharam em direções opostas: Frankfurt recuou 0,33% e Paris subiu 0,52%. Milão, centro das tensões na Europa, fechou animada, com elevação de 0,79%. Nos Estados Unidos, a Bolsa de Nova York caiu 0,67%. No Brasil, a bolsa paulista avançou 0,52%, para 58.559. O dólar, depois de um dia de alta, fechou com ligeira queda, de 0,07%, cotado a R$ 1 ,767.
Sob intensa pressão dos mercados, a taxa de títulos italianos a 10 anos ; usada como referência para avaliar a saúde econômica do país ; subiu para 7,013% na terça-feira, enquanto que a da Espanha avançou para 6,298%. Segundo especialistas de mercado, esses países precisam agir rapidamente para recuperar a confiança, pois não há como serem salvos caso esse cenário se deteriore ainda mais. ;Na Espanha, é preciso mostrar que o país será mesmo reformado para impulsionar o crescimento, e, na Itália, Mario Monti precisa começar a trabalhar;, disse Jean-Francois Robin, analista do Natixis Banco, em referência ao tecnocrata nomeado para liderar o governo italiano.
França no alvo
A França se tornou o mais recente alvo do nervosismo do
investidor. Ontem, os custos de financiamento da dívida do país subiram e a expectativa é de que devam continuar sob pressão, após o fracasso da intervenção do Banco Central Europeu (BCE), que atuou para acalmar temores de que a crise de dívida esteja se espalhando para a segunda maior economia da Zona do Euro. O prêmio do bônus governamental francês de 10 anos sobre os bônus alemães subiu para um novo recorde histórico, perto de 2%. A alta fora reduzida antes, quando o BCE comprou bônus da Itália e da Espanha.