Economia

Governo italiano de Mario Monti obtém voto de confiança do Senado

Agência France-Presse
postado em 17/11/2011 18:35
Antes da votação, Monti, fez seu primeiro discurso no Senado no qual advertiu que ROMA - O novo governo italiano dirigido por Mario Monti obteve nesta quinta-feira (17) o voto de confiança do Senado, poucas horas depois de seu discurso oficial, no qual prometeu rigor, crescimento e equidade para tirar o país da crise. Monti obteve um amplo apoio da câmara alta do Parlamento, com 281 votos a favor dos 307 senadores presentes. O voto de confiança dos deputados, que lhe ofereceram uma cômoda maioria, é aguardado para sexta-feira à tarde.

Antes da votação, Monti, fez seu primeiro discurso no Senado no qual advertiu que "o futuro do euro depende também do que a Itália fizer". Mario Monti, que se encontra numa corrida contra o relógio com os mercados, apresentou nesta quinta-feira ao Senado seu programa para salvar o país da crise da dívida que acossa a zona do euro.

"A falta de crescimento anulou os sacrifícios" feitos pelos italianos após a aplicação de vários planos de austeridade, ressaltou Monti, que se comprometeu a alcançar o equilíbrio orçamentário para 2013. "A Europa vive os anos mais difíceis desde a Segunda Guerra Mundial", afirmou o ex-comissário europeu, antes de pedir o voto de confiança do Senado.

O economista Monti assumiu na quarta-feira o cargo de primeiro-ministro da Itália e apresentou sua equipe de governo, formado apenas por tecnocratas, no qual reservou para si a delicada pasta de Economia. "O futuro do euro também depende do que a Itália fizer na próxima semana", reconheceu o ex-comissário europeu.

"Não consideramos as exigências da União Europeia (UE) como algo imposto desde o exterior. Não estamos em frentes diferentes. A Europa somos nós", disse. "Devemos convencer os demais de que começamos a reduzir a relação entre dívida e PIB, dívida que chegou ao nível de 20 anos atrás", ressaltou.

Monti substitui "Il Cavaliere" Silvio Berlusconi ao término de uma transição relâmpago, que busca tranquilizar os mercados diante de uma das crises econômicas mais graves da história recente da Itália devido a sua gigantesca dívida pública, de 1,9 trilhão de euros (120% do PIB).

O novo primeiro-ministro também prometeu uma reforma do sistema de aposentadorias, assim como do mercado de trabalho. "O mercado de trabalho deve ser reformado para que seja mais equitativo. Há trabalhadores muito tutelados e outros sem nenhum amparo", disse. Tratam-se de duas reformas chaves pedidas pela União Europeia e pelos mercados.

O sistema de aposentadorias na Itália é um dos mais sólidos do velho continente, mas "apresenta amplas desigualdades e há camadas privilegiadas sem justificativa", disse.

Monti apresentou ontem a formação de sua equipe de governo, formada exclusivamente por tecnocratas, que receberam a delicada pasta da economia. Em seu discurso insistiu na necessidade de sacrifícios "equitativos" para uma maior eficácia.

O renomado economista não prevê um novo plano de austeridade após os adotados por seu predecessor em julho e setembro, mas anunciou a introdução de um imposto sobre a habitação, anulado por Berlusconi. Para Monti é necessário "reativar uma economia engessada, favorecer o nascimento de novas empresas, melhorar os serviços públicos e dar mais empregos aos jovens e mulheres", disse.

O governo estudará "impostos diferenciais" para os jovens e mulheres, prometeu. "A inserção e permanência das mulheres no mundo do trabalho é fundamental. Elas precisam conciliar as exigências do trabalho com a família e fomentar a natalidade", afirmou sobre a importância das mulheres para reativar a economia italiana.

O novo premiê deve conseguir sem problemas o voto de confiança do Senado, após obter o apoio da maioria das forças políticas do país, com exceção da populista Liga do Norte, que se opôs a sua nomeação. Segundo os cálculos da imprensa, ele deve conseguir um resultado recorde de 290 votos dos 321 senadores. Na sexta-feira, vai se submeter ao voto da Câmara dos Deputados.

A chanceler Angela Merkel reconheceu que sua nomeação gera "grandes esperanças" e insistiu na importância da aplicação das "reformas necessárias e decisivas". O histórico Gabinete de tecnocratas será vigiado por uma espécie de "governo fantasma" liderado por Berlusconi, que teve que renunciar diante de sua incapacidade de atuar contra a crise.

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