postado em 18/11/2011 14:46
BERLIM - A chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, estão determinados a apresentar um acordo nesta sexta-feira em Berlim, mas são incapazes de esconder as suas diferenças profundas sobre os problemas europeus. "A Alemanha tem seus interesses, como a Grã-Bretanha tem os seus", disse Cameron. Esta declaração relativiza as declarações de conciliação feitas pelos dois dirigentes durante a coletiva de imprensa conjunta.Sobre as questões que geram atrito, o papel do Banco Central Europeu (BCE) na resolução da crise que atinge a Eurozona e a adoção de uma taxa sobre as transações financeiras, as posições não mudaram.
Quanto ao último ponto, não existe proximidade alguma. Paris e Berlim apoiam a taxa, mas Londres rejeita a ideia. "Nós precisamos continuar com o trabalho", disse Merkel.
Cameron, cujo país não faz parte da Eurozona, pediu que "todas as instituições da Zona Euro apoiem a moeda única para assim defendê-la", em resposta a uma questão sobre o papel do BCE na luta contra a crise.
Já a Alemanha se opõe a um maior envolvimento do BCE, exigido cada vez mais por países que acreditam que a instituição financeira é a única que pode conter o contágio da crise. "Eu não subestimo em momento algum a dedicação de países como a Alemanha e os outros da Eurozona para assegurar o sucesso do euro", disse o chefe de Governo britânico, em um apelo mal disfarçado à Alemanha. "Isto é de interesse da Grã-Bretanha e é isto que gostaríamos ver acontecer", acrescentou.
Merkel quer discutir principalmente a terceira questão controversa: as mudanças nos tratados europeus desejados pela Alemanha para reforçar a disciplina fiscal Os parceiros da Alemanha manifestaram pouco entusiasmo por estas mudanças.
Os chefes de Governo da Irlanda e da Dinamarca ressaltaram suas preocupações em relação ao processo de modificações dos tratados. Para a Comissão Europeia, a solução imediata da crise deve ser implementada com os instrumentos existentes.
Enquanto a chanceler vê na crise uma chance para aprofundar a integração europeia, o morador de Downing Street, eurocético declarado, disse que quer aproveitar a oportunidade para fazer recuar os poderes de Bruxelas.
Tanto "a Grã-Bretanha como a Alemanha têm forte interesse de que a crise seja solucionada", afirmou Cameron, que prometeu trabalhar com sua parceira alemã. "Concordamos sobre os aspectos gerais", disse o britânico. "Quando David e eu trabalhamos em um problema nós sempre encontramos uma solução", assegurou a chanceler.