postado em 21/11/2011 08:12
Cada vez mais acessíveis à classe C, os produtos eletrônicos seduzem diariamente milhões de consumidores no Brasil, alcançando a condição de verdadeiros fetiches entre os mais jovens. É o caso do professor de educação física Pedro Jardim, 20 anos, que nem sequer terminou de pagar as prestações do celular e já pensa em usar o 13; salário para trocá-lo neste Natal. Nos últimos dois anos, ele levou para casa notebook, smartphone e GPS. A última aquisição foi um tablet.
;Estava muito barato e resolvi comprar, até por uma questão de praticidade. É mais leve e fácil de carregar para qualquer lugar;, justifica Jardim, morador de Taguatinga. Na sua avaliação, o consumidor se deixa levar por modismos. ;Se há um lançamento, por exemplo, e os outros compram, também acabo ficando com vontade de ter.; O professor, porém, se define como um comprador exigente. ;Prefiro pagar mais caro e levar um produto de qualidade, pois artigos eletrônicos não duram muito tempo. Comprei um aparelho no início do ano e ele já está dando problemas.;
Seu esforço é para obter uma melhor relação custo-benefício. ;Se o mesmo produto tem desconto em sites de compra coletiva ou no próprio revendedor, não penso duas vezes em ficar com o mais barato;, afirma. De toda forma, ele lembra que a larga oferta de crédito aproxima o brasileiro da tecnologia. ;Hoje em dia, até com o nome sujo conseguimos dinheiro em qualquer banco e são muitas as facilidades oferecidas pelas lojas, que dividem o valor em até 12 vezes;, resume.
[SAIBAMAIS]O economista Ricardo Rocha, da Fundação Vanzolini, observa que há dados curiosos na forma como a classe C apresenta suas demandas ao comércio, seguindo uma escala de necessidades aparentemente contraditória. ;Pesquisas recentes mostram que os bens adquiridos pela
empregada doméstica para equipar seu lar são os mesmos ou até superiores aos de sua patroa. Isso ocorre porque os consumidores emergentes adentram numa seara de sonho reprimido;, detalha. O professor ainda faz uma brincadeira. ;Para aqueles que torcem o nariz, aviso: a classe C está, sim, no Facebook.;
Rocha acredita que públicos agora amadurecidos na experiência de consumir estão dando um passo na ambição de ;tatear o mundo dos ricos; sem fazer as contas do preço pago no fim. Ele não tem dúvida de que o Natal deste ano será melhor do que o imaginado pelo próprio comércio.