Agência France-Presse
postado em 22/11/2011 15:08
Madri - A Espanha pagou juros muito elevados nesta terça-feira (22/11) para emitir 3 bilhões de euros em dívida a curto prazo. O governo é cada vez mais pressionado pelos mercados, insensíveis com a vitória eleitoral do Partido Popular, para que anuncie ajustes rápidos.Esta tensão se deve essencialmente a crise da dívida na Eurozona, mas a Espanha, que na segunda-feira teve que intervir para salvar mais um banco, tem questões econômicas por resolver, como lembraram a chanceler alemã Angela Merkel e as agências de classificação Standard and Poor;s e Fitch.
Nesta terça-feira, o Tesouro espanhol emitiu 2,9 bilhões de euros (cerca de 4 bilhões de dólares) em dívidas com vencimento a três e seis meses, mas para isso precisou pagar juros em forte alta.
Em comparação com a última emissão efetuada no dia 25 de outubro, os juros dos títulos das Letras do Tesouro com vencimento para três meses foi duplicado e passou de 2,292% para 5,110%. Os títulos da dívida com vencimento de seis meses também aumentou substancialmente, de 3,302% para 5,227%, informou o Banco Central da Espanha.
Prova desta atmosfera de desconfiança, o risco país permaneceu em um nível muito elevado (466 pontos), após bater recordes na semana passada.
Especialistas afirmam que apenas uma ação europeia pode acalmar a Espanha e a Eurozona.
"Está claro que as mudanças políticas individuais não valem nada", afirmaram nesta terça-feira analistas do Bankinter.
"Se considerarmos que o BCE reluta em comprar títulos, percebemos que a responsabilidade foi passada para as instituições europeias a nível global", acrescentaram.
Contudo, a Espanha também precisa agir, como lembrou Angela Merkel em uma carta divulgada nesta terça-feira, na qual parabeniza a vitória eleitoral do líder do PP, Mariano Rajoy.
"Você recebeu um mandato claro para definir e implementar as reformas necessárias de forma rápida neste período difícil", escreveu a chanceler.
A mesma mensagem foi transmitida pela Fitch, que hoje manteve a nota "AA-" da dívida espanhola, o quarto nível mais alto de qualificação, mas acompanhado por uma perspectiva negativa.
A agência pediu que o novo governo tome "medidas adicionais para cumprir as metas de déficit definido no atual programa de estabilidade."
O objetivo do país é reduzir gradativamente o déficit público até alcançar 3% em 2013.
A Standard and Poor;s também advertiu a Espanha na segunda-feira, confirmando a nota espanhola de "AA-" com perspectiva negativa.
"Até os investidores conhecerem as intenções do novo governo, a instabilidade continuará", disse a corretora Link Securities.
O PP prometeu formar seu governo antes do Natal, mas ainda não expressou suas intenções.
Imersa na crise, com um desemprego recorde e o risco de uma recessão, a Espanha também gera preocupação por seu setor bancário.
A nacionalização na segunda-feira do Banco Valência, quarta intervenção pública desde o início da crise, colocou em evidência mais uma vez a fragilidade do setor.