Economia

De olho em um terceiro mandato, Hugo Chávez baixa uma lei antimercado

postado em 23/11/2011 09:09
A Venezuela caminha rapidamente para o caos e pode enfrentar uma grave crise de desabastecimento. O alerta foi feito na terça-feira (22/11) por vários especialistas diante da entrada em vigor de uma lei para controlar os preços de bens e serviços naquele país e, por tabela, conter a disparada da inflação. Os críticos do presidente Hugo Chávez classificaram a nova legislação como mais um golpe na economia de mercado e asseguram que os maiores prejudicados serão os mais pobres. O controle vigorará de forma paulatina, começando por cinco setores básicos: alimentos, higiene pessoal e do lar, indústria automobilística, medicamentos e serviços de saúde.

Para Chávez, a lei é ;vital; para ;evitar a especulação;, ;dar aos produtos o preço justo; e combater a inflação, que acumula alta de 22,7% no mês, a taxa mais alta da América Latina. O governo acredita que a legislação começará a surtir efeitos positivos no primeiro semestre de 2012, ano de eleições presidenciais, nas quais Chávez ; no poder desde 1999 ; aspira a obter um terceiro
mandato. A recém-criada Superintendência de Preços e Custos (semelhante à extinta Sunab brasileira) revisará os custos de bens e serviços, obrigando a redução dos valores que considerar ;excessivos;, apesar de não ter parâmetros. Os infratores poderão ser multados ou fechados por até 10 anos.

Na avaliação de Jorge Botti, presidente da Fedecámaras, a federação das indústrias venezuelanas, a decisão do governo foi ;um passo notório para uma economia centralizada e planificada;. No seu entender, ;a estabilidade dos preços não pode ser obtida por meio do controle governamental, mas, sim, pela adoção de políticas econômicas assertivas;. Botti não descartou a possibilidade de entrar com ações judiciais contra a lei e alertou para um novo revés nos investimentos voltados à produção.

A Venezuela importa a maior parte dos bens que consome e é comum o desabastecimento de produtos básicos. Segundo dados da empresa Datanálisis, a escassez de alimentos regulados em Caracas alcançou, neste mês, seu teto desde março de 2008: 22%.

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