postado em 26/11/2011 08:00
Revelado por reportagens do Correio em janeiro e setembro, o processo de esvaziamento do Banco do Brasil em Brasília foi suspenso. Segundo fontes próximas ao alto escalão do banco, após a publicação das matérias e a cobrança da bancada parlamentar do Distrito Federal no Congresso, a instituição se viu obrigada a parar a estratégia de transferência para São Paulo. Em documento enviado pelo BB à Câmara dos Deputados na semana passada, o presidente do banco, Aldemir Bendine, garante que não está em curso nenhuma transição e reafirma que a sede do BB ;é e sempre será Brasília;.A despeito das alegações do BB, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB) garante que ouviu do próprio Dida ; como Bendine gosta de ser chamado ; que o projeto de transferência era real. ;Liguei para o Dida no dia seguinte à divulgação desses dados e ele me informou por telefone que estava fazendo as transferências;, afirmou. ;Com a resposta do banco ao requerimento da deputada Erika Kokay (PT), pudemos perceber que o BB estava efetivamente transferindo diretorias de Brasília para São Paulo. Ficamos sabendo que, depois das reportagens, várias transferências foram canceladas, como a da Diretoria de Marketing.;
Dois requerimentos de informação haviam sido produzidos pelos parlamentares e enviados ao banco, um assinado pela deputada Kokay e outro pelo senador Rollemberg. A resposta chegou primeiro à Câmara, em 18 de novembro. No documento, o BB assume que mudou a sede da Diretoria Comercial e de duas gerências-executivas para a capital paulista em outubro de 2010. A transição levou 76 funcionários para São Paulo. Parte da Diretoria de Seguros, Previdência Aberta e Capitalização também migrou para o mesmo destino em dezembro.
O documento ainda cita que a Diretoria de Cartões teve uma divisão transferida para São Paulo em agosto de 2007 sob a justificativa de que, devido a uma parceria com um grande banco privado e à necessidade de se aproximar dele, a migração era necessária. ;A mobilização causou efeito. Vamos continuar vigilantes para não permitir um esvaziamento do Banco do Brasil em Brasília;, prometeu Rollemberg.
Justificativa superficial
No documento enviado pelo Banco do Brasil aos parlamentares, que justifica transferências de áreas estratégicas de Brasília para São Paulo, a instituição afirma que, ;sempre que oportuno;, estuda mudanças corporativas. Diz ainda que esses ajustes são necessários para garantir o crescimento das operações. Porém, garante que, no momento, nenhuma movimentação está prevista. A informação contraria as adaptações que o banco fez em um andar de seu prédio, na capital paulista, para receber a Diretoria de Marketing. Funcionários que trabalham no próprio edifício confirmaram ao Correio que empregados transferidos de Brasília deveriam ocupar o local.
Para a deputada Erika Kokay (PT), o documento prova o projeto de migração de algumas diretorias. ;Foram superficiais nas justificativas dessas transferências;, reclamou. ;O banco afirma que não pode divulgar os estudos que explicam as migrações, mas assegura que eles estão disponíveis para consulta.; Segundo o banco, divulgar a análise poderia ser ;prejudicial à gestão e ao desempenho da empresa;. Em nota para o Correio, o BB reafirmou os esclarecimentos ;no sentido de seu compromisso com Brasília, onde está e sempre estará a sede da instituição.; O banco garantiu que não prevê transferências de diretorias para outros estados. (VM)