postado em 29/11/2011 08:47
A crise que castiga os países da Zona do Euro já afetou as exportações brasileiras para a União Europeia. Números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior aos quais o Correio teve acesso mostram que os desembarques de mercadorias do Brasil na região caíram 2,6% em novembro, até domingo, em relação a outubro. O que chama a atenção é o perfil desse grupo de produtos, composto por bens manufaturados, como automóveis, calçados, móveis, refrigeradores e veículos de carga. A secretária de comércio exterior, Tatiana Prazeres, lembrou que, embora seja comum a redução dos embarques destinados à Europa nesse período, a queda de volume nos contêineres revela os impactos da turbulência no comércio. ;Em relação a novembro de 2010, as exportações para a UE vão bem, mas a exigem atenção especial. Acendeu um ponto no nosso radar que precisa ser constantemente monitorado;, ponderou. Para 2012, o cenário é mais preocupante. ;É certamente um desafio, e parte importante do resultado (das exportações) vai depender do desempenho da China;, completou.
Pelas projeções da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o clima só tende a piorar. O órgão cortou ontem drasticamente a previsão de crescimento na Zona do Euro em 2012, de 2% para um minguado avanço de 0,2%, e observou um cenário atual de ;leve recessão; no bloco. As previsões são de que esse sombrio horizonte também afete as economias emergentes, incluindo o Brasil e a China. Embora mais fortalecidos, os países em desenvolvimento já sofrem com a redução de linhas de crédito para exportar e importar ; 70% delas provenientes da Europa e 18% dos Estados Unidos.
Mesmo que o risco de paralisação do crédito bancário esteja distante do ambiente vivido em 2008, os financiamentos já estão mais caros e mais escassos. ;As taxas (de juros dos empréstimos) ficam mais altas e, além do medo de calote, alguns bancos precisam de caixa e seguram os recursos;, comentou Bruno Lavieri, analista da Tendências Consultoria.
Para os demais países da OCDE, a estimativa de crescimento foi reduzida de 4,6% para 3,4% em 2012 e, para os Estados Unidos, caiu de 3,1% para 2%. O economista-chefe da organização, Pier Carlo Padoan, ressaltou que a Grã-Bretanha terá expansão de 0,5% no ano que vem, enquanto a Alemanha, maior economia da UE, não passará de 0,6%. ;As autoridades devem estar preparadas para o pior;, concluiu.