Economia

Incentivo ao crédito para garantir um Natal gordo e o crescimento do país

Vera Batista
postado em 01/12/2011 08:58

Às vésperas das comemorações de fim de ano, o governo vai afrouxar as medidas de contenção de crédito e consumo, adotadas em 2011, na tentativa de incentivar a economia e garantir algum crescimento no primeiro trimestre de 2012. Ontem, o ministro do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior, Fernando Pimentel, reforçou que a equipe econômica de Dilma Rousseff anunciará, ;no máximo até a semana que vem;, o desmonte de parte do aparato usado para segurar a concessão de financiamentos e a inflação. Apesar de não dar detalhes, Pimentel destacou que as discussões na Fazenda têm mais a ver com crédito. ;Vamos levantar um pouco as restrições que tinham sido feitas no início do ano, as tais medidas macroprudenciais;, sinalizou.

O governo não tem muitas alternativas. Os instrumentos que podem ser usados, na avaliação dos economistas, são a redução da exigência de depósitos compulsórios dos bancos e o corte na alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para o financiamento de pessoas físicas, de 3% para 1,5%. A primeira opção liberará mais fundos para que as instituições financeiras emprestem dinheiro a seus clientes. A segunda medida tornará os empréstimos mais baratos.

Para o mercado, o afrouxamento do crédito é necessário porque, sozinha, a queda da taxa básica de juros (Selic) tem impacto mínimo nas taxas ao consumidor. ;A verdade é que o controle de demanda só pelos juros é coisa do passado. É muito mais eficaz liberar os compulsórios para incentivar o consumo;, ponderou Carlos Henrique de Oliveira, consultor de investimentos da Corretora Gradual em Brasília. Cálculo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) mostra que a queda de 0,50 ponto percentual para 11% ao ano tem um efeito quase imperceptível. Os juros no comércio, por exemplo, caem de 5,44% para 5,40% ao mês, enquanto a tarifa do cheque especial passa de 8,21% para 8,17% ao mês (veja quadro).

Esfriamento
Os depósitos compulsórios em poder do Banco Central acumulavam, até outubro, mais de R$ 440 bilhões, quase o dobro do que existia em 2008, após o estouro da crise financeira internacional. Mesmo que não devolva parte desses recursos aos bancos, a simples redução do percentual de depósitos deixa mais dinheiro à disposição da economia. Outras medidas que podem ser revistas, segundo as indicações de Pimentel, são o alongamento de prazos e a reclassificação de consumidores por categoria de crédito.

O possível recuo nas medidas restritivas animou empresários. Para Ingo Pl;ger, presidente do Instituto de Desenvolvimento Empresarial (IP) e da Companhia Melhoramentos, o governo está no caminho certo. ;Quando a liquidação se torna inevitável, o comércio deixa de repor o estoque;, disse. Josué Christiano Gomes, presidente da Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas), também elogiou a ;demonstração de capacidade de gerenciamento do governo; e criticou o comportamento do mercado financeiro, que, a seu ver, não soube avaliar as medidas iniciais de contenção do consumo.


Vamos levantar um pouco as restrições que tinham sido feitas no início do ano, as tais medidas macroprudenciais;

Fernando Pimentel, Ministro do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior


Efeito mínimo

A redução da taxa Selic em 0,5 ponto percentual tem efeito pequeno sobre os encargos cobrados dos consumidores nas operações de crédito

Linhas de Crédito Selic de 11,50% ao ano Selic de 11% ao ano
Juros do comércio 5,44% ao mês 5,40% ao mês
Cartão de crédito 10,69% ao mês 10,65% ao mês
Cheque especial 8,21% ao mês 8,17% ao mês
CDC veículos 2,16% ao mês 2,12% ao mês
CBC consumo 4,31% ao mês 4,27% ao mês

Fonte: Anefac

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