Economia

China dá estímulos para o consumo para evitar maior desaceleração

postado em 01/12/2011 09:05

Consumidores cortaram gastos por causa da inflação em alta e do encarecimento de empréstimos e financiamentos

Pequim ; O governo chinês decidiu agir para evitar um processo mais forte de desaceleração da economia. Embora a maior parte dos analistas preveja expansão entre 8% e 9% para o Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2012, um grupo mais pessimista admite que o avanço poderá ficar entre 5% e 6%, resultado que seria desastroso para todo o mundo, sobretudo para o Brasil, já que a China é vista hoje como a principal locomotiva do planeta.

Para reverter o desaquecimento econômico, o governo cortou em 0,5 ponto percentual os depósitos compulsórios que os bancos mantêm no Banco Popular da China, o BC local. Na prática, a instituição liberará recursos para que o sistema financeiro amplie as operações de crédito e, com isso, estimule o consumo. Desde o ano passado, a China vinha restringindo o crédito para conter a inflação e evitar a formação de bolhas, principalmente no mercado imobiliário. Mas o arrocho se mostrou forte demais em um mundo em crise. Agora, a ordem é flexibilizar as medidas e manter a economia crescendo pelo menos 8% ao ano.

Na avaliação dos especialistas, para atingir seus objetivos, o governo terá de acelerar o passo e cortar os compulsórios em pelo menos quatro pontos percentuais, dos atuais 21% para 17%. Com isso, poderá facilitar a vida de empresas que estão sentindo a escassez de financiamentos para tocar seus negócios e incrementar o mercado imobiliário, cujas vendas caíram 25% apenas em outubro, criando um princípio de tumulto entre aqueles que pagaram caro demais pela casa própria e estão vendo o patrimônio minguar com a queda dos preços do metro quadrado.

A redução dos compulsórios na segunda maior economia do mundo foi comemorada pelos analistas. ;Foi uma medida surpreendente. O mercado não estava esperando que o BC chinês cortasse o compulsório tão rápido;, disse Shi Chenyu, economista do Banco Industrial e Comercial da China. No seu entender, a decisão do governo pode ser lida como uma mensagem clara de que o banco central daquele país está pronto para relaxar sua posição de política monetária. A nova taxa de compulsório entrará em vigor em 5 de dezembro.

O corte de 0,5 ponto nos compulsórios foi o primeiro desde dezembro de 2008, quando o mundo ruiu por causa do estouro da bolha imobiliária norte-americana, marcando uma mudança de política após uma série de medidas de aperto no ano passado, que tinham por objetivo combater a inflação. A alta dos preços ao consumidor atingiu a máxima em três anos, de 6,5%, em julho. Desde então, a inflação esfriou para 5,5%, mas o crescimento econômico desacelerou junto. O PIB chinês avançou 9,1% no terceiro trimestre sobre o ano passado, a menor taxa desde o segundo trimestre de 2009.

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