postado em 01/12/2011 19:09
São Paulo - As medidas de diminuição dos tributos para estimular o consumo, anunciadas hoje (1;) pelo governo federal, mostram que o país está na direção certa. Mas, para o economista Roberto Troster, elas ainda são insuficientes. Em entrevista à Agência Brasil, ele disse que o governo deveria ;parar de olhar para 2012 e começar a olhar para 2022;, passando a focar sua política econômica mais a longo prazo e não apenas no ;crescimento do ano;. ;Falta um pouco de ambição a longo prazo. Quer dizer, falta bastante ambição para o longo prazo. A curto prazo estão administrando;, declarou.Entre as medidas anunciadas pelo governo, estão a redução de 3% para 2,5% ao ano da alíquota de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que incide sobre operações de crédito para pessoa física. O governo também eliminou as alíquotas de IOF que incidiam sobre o investimento externo em ações e sobre aplicação de capital estrangeiro nas debêntures (títulos privados) voltadas para projetos de infraestrutura. ;Quando você tem um cheque especial que custa, em média, 180% ao ano, e [o governo] baixa 0,5 ponto percentual, é uma medida na direção correta, mas eu diria que falta um pouco mais de vigor;, disse Troster.
Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), também defendeu que a diminuição da alíquota do IOF sobre as operações de crédito podia ter sido maior. ;Confesso que esperava um pouco mais, porque o IOF era 3% ao ano e imaginei que fosse para 1,5% ao ano, e reduziu para 2,5% ao ano. É importante, mas poderia ter avançado um pouco mais. Poderia ter voltado o IOF ao que era no começo do ano [1,5%];, disse Oliveira.
Segundo o vice-presidente da Anefac, as medidas de incentivo ao consumo serão consideradas suficientes caso a crise econômica mundial se normalize. Mas se o cenário se agravar, serão necessárias novas medidas. ;Se a crise se normalizar, diria que essas medidas, por si só, seriam suficientes para que não tenhamos problemas de crescimento para o ano que vem. Entretanto, se a crise continuar desse jeito ou se agravar, inevitavelmente vamos ter que tomar outras medidas para que não tenhamos uma desaceleração forte, que provoque desemprego alto no país;, disse.
Oliveira ressaltou que o governo deverá ficar também atento à possibilidade das medidas anunciadas valorizarem demais o real. ;Isso pode trazer aquele velho problema da valorização do real, que provoca falta de competitividade do nosso produto exportado. O governo tinha que fazer isso, reduzir o IOF na questão das captações e esperar ver o resultado. Inevitavelmente, se isso trouxer um problema grande de valorização do real, aí o Banco Central vai ter que atuar no sentido de recomprar dólares no mercado;.
Froster e Oliveira concordam que a previsão feita pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 5%, em 2012, é exagerada. Os dois economistas estimam crescimento em torno de 3% no próximo ano. ;Dentro da realidade hoje, se crescermos dentro de 3% ao ano estará de bom tamanho;, disse Oliveira.