Economia

Indústria tomba pela terceira vez seguida em outubro e antecipa PIB ruim

postado em 03/12/2011 13:09
O violento tombo registrado pela indústria em outubro, o terceiro mensal consecutivo, sacramentou o mau desempenho da economia brasileira neste fim de ano. A produção caiu 0,6% em comparação a setembro, e de forma generalizada, com queda em 20 dos 27 setores pesquisados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além de reforçar a certeza de que o Produto Interno Bruto (PIB) entre julho e setembro ficou negativo ; o resultado oficial só será divulgado na terça-feira ;, o recuo mostrou o que a equipe de Dilma Rousseff não queria ver: o último trimestre de 2011 também será mais fraco do que se desejava. Não à toa, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ciente dos números ruins, tentou se antecipar à notícia desfavorável com o anúncio do pacote de desonerações, feito na quinta-feira.

Embora tenha medidas voltadas ao consumidor, os economistas são unânimes na avaliação de que o pacote tem como única preocupação sustentar a produção. Tanto que até as massas alimentícias e o pão comum foram desonerados. Na retração de outubro, a indústria de alimentos produziu 5% menos do que em setembro, anulando o crescimento de 3,1% registrado anteriormente. Outros setores vitais da economia, como os de siderurgia e de material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicação também reduziram a fabricação em 1% e 5%, respectivamente.

Para o economista-chefe da Corretora Gradual, André Perfeito, o alerta mais preocupante dado pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) é a forte queda da produção de bens de capital, que recuou 1,8% entre setembro e outubro. ;É perigoso porque é um dos canais mais claros de transmissão da crise. Significa que o investimento parou;, analisou. O economista ressaltou ainda que, ao contrário do que aconteceu até o meio do ano, na reta final de 2011 as importações de maquinário também esfriaram.

Dificuldade
Na comparação com outubro de 2010, o desempenho da indústria foi ainda pior e recuou 2,2%. Foi a segunda taxa negativa consecutiva e, assim como na comparação mensal, disseminada em 17 dos 27 setores pesquisados. Nos últimos 12 meses, a produção ainda mantém avanço de 1,3% em relação a igual período anterior. Apesar da pujança do mercado doméstico no Brasil, responsável por sustentar o desempenho da indústria e do restante da economia durante a primeira metade do ano, o cenário externo adverso pesa cada vez mais e aumenta a dificuldade do setor produtivo em manter aquecidas as turbinas. ;Você tem um clima de incerteza que afeta o consumo no país. As pesquisas mostram níveis de estoques elevados e desconfiança de empresários e clientes;, declarou André Macedo, analista do IBGE.

Felipe França, economista do Banco ABC Brasil, lembrou que os efeitos externos na indústria não ocorrem por acaso. ;É o setor que está mais exposto às oscilações econômicas de fora do país, seja porque elas afetam a procura por produtos brasileiros, seja porque encarecem os insumos usados para produzir aqui ou, ainda, reduzem as linhas de financiamento da produção;, comentou.

Diante do cenário desfavorável, os economistas já preveem que a indústria ficará estagnada em 2011, depois de subir mais de 10% em 2010. França destacou que, mesmo que o setor apresente uma leve expansão em novembro e dezembro, o crescimento no ano não irá além de 0,5%. ;Isso não é nada. Não salva a indústria.; Para Aurélio Bicalho, economista do Itaú-Unibanco, o resultado de outubro derrubará ainda mais a perspectiva de crescimento do PIB no último trimestre. ;Aumentou a chance de ser mais fraco que nossa projeção de 0,5%;, calculou.

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