postado em 04/12/2011 08:00
Berlim e Bruxelas ; Os países em dificuldade fiscal da Zona do Euro poderão desviar parte de suas dívidas públicas para um fundo especial nacional a ser quitado em até 20 anos, desde que se comprometam com reformas para manter o nível de endividamento em parâmetros preestabelecidos. O ;jeitinho; faz parte de uma proposta apresentada ontem pelo ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, que será detalhada em uma reunião de líderes do continente nesta semana. Mais uma vez, o objetivo maior é restaurar a confiança no euro.Schaeuble acredita que sua proposta, que ganhou apoio da chanceler Angela Merkel, aumentará a confiança dos mercados financeiros, visto que os países demonstrarão seriedade quanto a limitar os níveis de dívida a 60% do Produto Interno Bruto (PIB). Investidores estão desesperados por um sinal consistente da União Europeia rumo a uma solução para a crise da dívida que se arrasta por mais de dois anos e que tem efeito devastador sobre a economia global. Merkel também está pressionando por normas da UE sobre disciplina orçamentária.
;Precisamos de um fundo de resgate em todos os países da Zona Euro;, disse Schaeuble ao Passauer Neue Presse. ;Cada um desses países deve colocar em um fundo especial parte de sua dívida, que deve ser paga com receitas fiscais. Durante um período de 20 anos, ela deve ser reduzida para 60%;, informou. Mas nem tudo é progresso nas discussões para a recuperação dos países endividados. As negociações sobre o tamanho dos empréstimos dos bancos centrais para o Fundo Monetário Internacional (FMI) não passaram do nível técnico, alertaram autoridades europeias.
Na terça-feira, ministros das Finanças da Zona do Euro haviam concordado em reforçar os recursos do FMI por meio de empréstimos bilaterais, de modo que o organismo pudesse igualar-se ao novo poder de fogo do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef). ;Nenhuma quantidade tem sido discutida no nível político;, disse uma importante autoridade. ;As discussões estão apenas começando no nível técnico. Então, agora, qualquer número é pura especulação;, completou. A Zona do Euro quer aumentar os recursos do FMI para que ele possa fornecer uma proteção de confiança se Itália e Espanha, terceira e quarta maiores economias do bloco, necessitarem de empréstimos emergenciais.
O Feef tem recursos confirmados de cerca de 250 bilhões de euros, enquanto a capacidade de empréstimo do FMI, agora, é de cerca de US$ 380 bilhões de dólares (ou 283 bilhões de euros).
Apelo espanhol
O primeiro-ministro eleito da Espanha, Mariano Rajoy, apelou a todos os espanhóis que trabalhem juntos para superar a crise de dívida e prometeu uma nova política econômica para lidar com o desemprego, cuja taxa no país, de 22,8%, é mais que o dobro da média da União Europeia. ;O que está por vir para a Espanha vai ser difícil. Sair da crise não é apenas tarefa do governo, mas de toda a população;, disse. Além de duas publicações no Twitter, esses foram os primeiros comentários de Rajoy desde que seu partido de centro-direita ganhou com uma maioria absoluta a eleição parlamentar em 20 de novembro. Ele deve ser empossado como primeiro-ministro em 19 de dezembro. A previsão é que o premiê apresente sua proposta aos líderes da Zona do Euro 10 dias antes.