Economia

BC estuda medidas para aumentar a segurança em transações por celulares

Vânia Cristino/ Especial Estado de Minas
postado em 04/12/2011 08:00
O analista de sistemas Michael Lourant usa o smartphone para pagar contas e fazer transferências de recursos
Imagine a cena: você está jantando com amigos e, de repente, se dá conta de que não fez a transferência de recursos solicitada pelo filho ou se esqueceu de pagar uma fatura com vencimento naquele dia. O aborrecimento poderia ser o suficiente para estragar a sua noite, mas, se você estiver com seu celular e já tiver baixado o programa que lhe permite acessar o seu banco, em poucos minutos o problema estará resolvido e, com alguns toques, a transação será feita.

Por trás dessa situação, cada vez mais rotineira para milhares de clientes bancários, esconde-se um perigo: o risco da ação de hackers é grande quando se usam aparelhos móveis. Tanto que o Banco Central está analisando o assunto para aumentar os controles em operações desse tipo. ;Da mesma forma que já existem requisitos para o internet banking, o Banco Central exigirá, nas transações financeiras feitas por meio de telefones celulares, rígidos padrões de segurança;, diz um porta-voz da instituição.

O número de operações feitas por meio de aparelhos móveis ainda não chega perto dos realizados via internet, mas vem crescendo dia a dia. No Bradesco, segundo maior banco privado do país, 12 milhões de transações foram realizadas por celulares em outubro. No Banco do Brasil, o crescimento de um ano para o outro foi de 221%, pulando de 24,59 milhões em 2010 para 57,34 milhões este ano, até outubro.

Certificação
O diretor do Bradesco Dia e Noite, Luca Cavalcanti, está convencido de que o caminho não tem volta. ;O aparelho celular é a extensão do braço das pessoas. Ele permite o acesso à rede bancária em qualquer hora e em qualquer lugar;, avalia. Que o diga o analista de sistemas Michael Lourant, 33 anos. ;Com o aplicativo do banco no meu iPhone, pago contas, faço transferências;, conta. Para não ser vítima de crimes financeiros, ele toma alguns cuidados. ;Não instalo qualquer aplicativo no celular. O meu é o da própria instituição e oferece certa segurança. Além disso, como a senha não fica gravada no aparelho, sei que, se perdê-lo, não há risco. Nunca tive problemas;, afirma. Há cinco anos, ele comprou o primeiro smartphone e diz que não tem medo de utilizar a internet móvel. ;Mesmo que não haja um bom sistema de proteção, como antivírus, acho mais prático;, considera.

O diretor de Novos Negócios da Finnet, um bureau de serviços especializados em soluções tecnológicas personalizadas e em transações financeiras, Yoshimit Matsusaki, observa que um dos itens importantes de segurança é a certificação digital. Em vários sites no mercado, o dispositivo fornecido por empresas idôneas garante o ambiente confiável.

O gerente executivo da diretoria de Gestão de Segurança do Banco do Brasil, Luiz Fernando Ferreira Martins, observa que a segurança é um processo constante e adverte que todo o sistema construído pelas instituições financeiras pode cair num segundo se as pessoas não forem cuidadosas ao usar a tecnologia que têm em mãos. ;O usuário é o elo mais fraco. Geralmente, é por alguma negligência que a fraude acontece.;

Cuidados
O BB e o Bradesco dão várias dicas para os clientes evitarem ser vítimas de fraude e passar pelo aborrecimento de ter que provar para o banco que não fizeram determinada transação. Uma delas é prestar atenção às mensagens de tentativa de conexão ou execução de rotinas no aparelho. ;É recomendável que o usuário procure sempre se conectar a redes idôneas;, alerta Martins, do BB. Deve-se ainda evitar salvar a senha de acesso rápido em local visível no celular. O recomendável é usar programas que, protegidos por uma senha mestra, armazenam nomes de usuários (logins) e códigos de forma segura. Com isso, mesmo que o celular seja roubado, dificilmente o ladrão conseguirá fazer transações financeiras. É preciso também não se esquecer de avisar ao banco, em caso de roubo ou perda do celular, para que a instituição bloqueie o acesso da conta via telefone móvel.

O advogado Leandro Bissoli, especializado em direito digital, observa que todo cuidado é pouco para não sofrer prejuízo. ; O risco aumenta na medida em que você anda com seu aparelho no bolso;, diz. Na avaliação do advogado, nem todas as fraudes são cobertas pelos bancos. ;As instituições financeiras fazem uma análise criteriosa da situação antes de ressarcir o cliente.;

Fique atento
Saiba quais são os riscos que os clientes correm nas transações financeiras via celulares
;Acessos não autorizados
Normalmente, são feitos via Bluetooth. Uma vez acessado o dispositivo do cliente, o atacante tem condições de copiar informações pessoais e, eventualmente, transferir programas para o dispositivo alvo e executá-los.

; Instalação de vírus ou programas maliciosos
Apesar de mais comuns em computadores, já existem vários malwares para smartphones e tablets. A instalação pode se dar por e-mail ou SMS com link ou baixada diretamente da loja de aplicativos do aparelho do usuário. As empresas tentam, mas nem sempre é possível analisar completamente o que um programa oferecido faz.

; Sites falsos de banco
O usuário pode ser induzido a acessar um site falso e lá informar os dados bancários. Esse acesso pode ser feito por meio de um programa (vírus) instalado no dispositivo ou uma manipulação feita por quem está provendo a conectividade (a rede sem fio do estabelecimento comercial ou do vizinho, por exemplo).

; Armazenamento
Muitas informações, como senhas, podem ficar armazenadas no próprio dispositivo para facilitar o acesso. A perda ou roubo do aparelho pode permitir ao criminoso acessar as informações do usuário, inclusive seus dados bancários.

Fonte: BB

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