Economia

Produção de terras-raras pode tornar país independente em alta tecnologia

postado em 07/12/2011 08:20
O incremento da produção de terras-raras no Brasil poderá dar ao país autonomia, inserindo-o no seleto grupo de países processadores desse tipo de metal, aplicado em áreas de elevada tecnologia. Atualmente, o mercado mundial é liderado pela China, que detém 97% da produção.

O desenvolvimento da cadeia produtiva de terras-raras no Brasil será discutido nesta terça-feira (7) no 1; Seminário Brasileiro de Terras-Raras 2011, promovido pelo Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) do Ministério de Minas e Energia (MME) no Rio.

Embora apresente reservas estimadas de 3,5 bilhões de toneladas, o Brasil ainda mostra atraso na produção de terras-raras, avaliou o pesquisador do Cetem Ronaldo Santos.

Compostos por 17 elementos químicos, os metais de terras-raras estão presentes em minérios como a monazita, a bastnaesita e a xenotima. Esses elementos conferem propriedades muito específicas aos materiais em que são utilizados, disse Santos.

;Eles são de vital importância na indústria petrolífera. Sem eles, não há refino de petróleo, nem produção de derivados;. São importantes também em produtos de elevada tecnologia, em áreas como telecomunicações, geração e intensificação de imagens, produção de semicondutores e supercondutores, eletrodos dos automóveis elétricos e híbridos, ímãs de alto desempenho, indústria de informática, laser, fármacos, sistemas de orientação espacial e indústria bélica.

Considerando os produtos iniciais, precursores de toda a cadeia, pode-se dizer que o mercado mundial de terras-raras movimenta hoje em torno de US$ 5 bilhões. Quando, porém, são levados em conta os números movimentados no mundo em termos de valor agregado, essa cifra pode ser multiplicada quatro ou cinco vezes, acrescentou o pesquisador do Cetem.

Embora exista a decisão do governo, por meio do MME e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, de considerar os elementos de terras-raras estratégicos para o país, intensificando, em consequência, sua produção, falta demanda, disse Santos. O problema, destacou, é a falta de decisão das empresas de assumir o risco de iniciar a cadeia produtiva.

Ronaldo Santos lembrou que as pesquisas na área estão adiantadas. ;A capacitação das instituições existe tanto nos institutos de pesquisa quanto na academia. O que não há é demanda de projetos para isso. Nos últimos 15 anos, não tivemos demanda praticamente de nenhuma empresa em relação a terras-raras, ou seja, um projeto que tenha início, meio e fim;.

As conclusões do seminário serão encaminhadas ao MME. Elas deverão subsidiar a construção de uma agenda positiva para a implementação de uma política integrada para o setor. Ronaldo O pesquisador sugeriu que o estabelecimento de parcerias público-privadas (PPPs) poderia ser uma solução para iniciar a cadeia produtiva do setor no Brasil.

As reservas nacionais de terras-raras conhecidas estão localizadas nos estados de Minas Gerais e Goiás. Há também reservas que precisam de confirmação na região da Amazônia Legal, informou Santos. ;É uma área sensível e exige que se faça um trabalho sistemático para a confirmação desses valores;.

Edição: Graça Adjuto

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