postado em 08/12/2011 08:40
A perspectiva de que o primeiro ano do mandato da presidente Dilma Rousseff termine com crescimento abaixo de 3%, coroado por um último trimestre negativo, fez o governo acelerar a adoção de medidas adicionais para destravar a economia antes do início de 2012. Para a presidente, a estagnação, resultante de ;uma ação deliberada para reduzir o aquecimento da atividade;, deve ser revertida. A ordem é usar todo o arsenal fiscal e monetário disponível para isso.
Apesar de dizer que não há anúncios de novas medidas engatilhados para os próximos dias, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, garantiu que ações semelhantes às que já foram adotadas, tais como redução de impostos e liberação de crédito, podem ser ampliadas a qualquer momento. A primeira linha de combate é o setor têxtil, que espera um pacote de incentivos.
A Fazenda mantém sigilo sobre o conjunto de medidas, mas um técnico envolvido com os estudos assegurou que o foco será na proteção da indústria nacional. ;Se houver algum incentivo fiscal, vai ser pontual, um ajuste. O grosso mesmo virá de modo a segurar um pouco as importações;, comentou.
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, a ajuda para o setor é necessária, uma vez que a queda na produção têxtil entre janeiro e setembro chegou a 16,7%. ;Estamos entregando o mercado brasileiro à produção externa e à importação predatória da China. Não queremos facilidades, só igualdade de competição;, queixou-se.
Além do pacote previsto para os próximos dias, analistas de mercado destacam que o governo pode lançar mão de outros instrumentos, como reduzir novamente o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para pessoas físicas, baixar a alíquota cobrada da pessoa jurídica e reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para o setor automobilístico, a exemplo do que foi feito em 2008. ;É só relacionar o que já deu certo.
O IOF para o consumidor subiu de 1,5% para 3% e depois caiu para 2,5%. Ainda tem onde cortar. O que está funcionando para a linha branca pode ser estendido aos carros;, detalhou o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal.
Na lista de opções do governo, lembrou o economista, também há a possibilidade de injetar mais dinheiro na economia, por meio da liberação dos depósitos compulsórios bancários. Atualmente, o estoque desses recursos em poder do Banco Central está acima de R$ 400 bilhões, quase o dobro do observado em 2008.
;Particularmente, acho que o governo vai esperar um pouco, mas as medidas de liberação de crédito são o canal mais imediato de atuação;, completou.
Pleito
Entre as medidas aguardadas pelo setor, de acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, estão a desoneração da folha de pagamento e dos investimentos, além de ações de defesa comercial. ;O diálogo que mantemos com o governo é proveitoso, mas estamos aguardando o posicionamento da presidente Dilma Rousseff;, afirmou.
Mudanças na Conab
O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, informou que suspendeu parte dos contratos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) suspeitos de irregularidades e anunciou uma resstruturação da empresa. Em agosto, denúncias provocaram a queda do então ministro Wagner Rossi. ;Vamos demitir quem tivermos que demitir. Precisamos ter mais transparência nas políticas de formação de preços;, afirmou Ribeiro. Nos próximos 20 dias, ele irá firmar com a empresa um contrato de trabalho fixando metas e indicadores de desempenho. O objetivo é profissionalizar a companhia, que tem como uma de suas principais funções controlar os preços dos alimentos comprando e vendendo estoques de produtos agrícolas. A reformulação está sendo feita sob orientação do Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG), indicado pelo empresário Jorge Gerdau, conselheiro da presidente Dilma Rousseff.