Economia

Estagnação se dissemina e setor externo se torna a próxima pedra no sapato

postado em 08/12/2011 08:46

Mais do que mostrar a indústria à beira da recessão, a estagnação da economia no terceiro trimestre evidenciou que a desaceleração está disseminada. O pior ainda não passou ; a próxima pedra no sapato será o setor externo. De julho a setembro, a balança comercial obteve saldo positivo, com exportações que cresceram 1,8%, e ajudou a garantir que a atividade fechasse no azul. Mas será impossível contar com essa contribuição entre outubro e dezembro. O recrudescimento da crise na Europa interrompeu encomendas aos exportadores e os analistas já apostam em crescimento inferior aos 3% desejados pelo Palácio do Planalto para o ano. A estimativa está ao redor de 2,8%.

;Na ponta de demanda, um velho fantasma vem nos assombrar. O saldo do setor externo começa a deixar de ser tão positivo. Esse é um dos grandes responsáveis pelo pessimismo;, observou André Perfeito, economista da Gradual Investimentos. ;Assim, a economia sofrerá impacto negativo do setor externo nos próximos trimestres.; Para ele, está claro que mesmo nessa situação, o governo não vai sair gastando ;para fazer o PIB subir a qualquer custo;. Na avaliação dele, o governo só vai elevar as despesas no fim de 2012. ;Por isso vamos crescer em torno de 2,5% no ano que vem;, calculou.

Até 2012 parece fadado a ter um Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas do país) fraco ; um ;pibinho;. As medidas de estímulo anunciadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, têm fôlego curto. Serão suficientes para evitar a marcha a ré só no primeiro trimestre. O início do ano é uma época de baixo dinamismo, pois o trabalhador está às voltas com dívidas contraídas no Natal, matrícula escolar dos filhos e pagamento de impostos. Por isso, falta disposição para consumir. Na visão de especialistas, o ritmo só voltará a crescer no segundo semestre, quando a queda dos juros surtir efeito e o governo abrir as torneiras do Tesouro para os investimentos da Copa do Mundo e das Olimpíadas.

Flávio Serrano, economista do Espírito Santo Investment Bank, pondera que o crescimento do quarto trimestre e o de 2012 não serão nada exuberantes. Mas ele enxerga alguma recuperação e uma política econômica que prepara o caminho para uma expansão mais expressiva a partir de 2013. ;Provavelmente, teremos um crescimento robusto, acima de 4%;, disse. Na visão de André Perfeito, o governo só precisa evitar que o próximo ano seja um fiasco, em especial no primeiro semestre. A partir do segundo, o dinamismo da economia será maior, puxado por investimentos.

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