postado em 11/12/2011 08:00
Na contramão da desaceleração da economia, o setor de tecnologia da informação está em franco crescimento. Ao largo dos problemas que afetam o Brasil, ele deve registrar expansão de 12% em 2012, num ritmo três vezes maior que o Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas geradas no país). O cenário, muito além de minimizar o impacto da crise internacional, abre uma imensa oportunidade para quem quer trabalhar. Estima-se que, hoje, o deficit na área seja de 92 mil profissionais. Em 2013, ele chegará a 140 mil, revelam dados da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom).
Sergio Sgobbi, diretor de Educação e Recursos Humanos da Brasscom, diz que é justamente a falta de pessoal qualificado que está puxando os salários para cima. ;As empresas precisam oferecer benefícios e pagar mais para tentar ;roubar; o profissional de outras companhias. Especificamente no DF, a concentração dos serviços públicos e bancários eleva a média salarial;, afirma. Ele observa que as estimativas de vagas feitas para até 2013 não consideram a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Com os preparativos para as grandes competições, os números só devem aumentar.
O melhor é que a área não exige, necessariamente, formação superior. Certamente, ter o diploma em mãos ajuda. No entanto, mais importante do que ele é conhecer muito bem as tecnologias. ;A pessoa precisa saber utilizar os aplicativos. Um garoto pode aprender sozinho, ser certificado em alguma ferramenta que o mercado demanda e contratado em uma grande empresa. Mas também pode ser o técnico, o analista, o engenheiro. Enfim, há oportunidades para vários níveis;, diz.
Na avaliação de Sgobbi, o setor deve manter uma tendência de crescimento robusto a longo prazo. ;Para o jovem que pretende ingressar na área, há uma possibilidade de carreira internacional. As empresas são globalizadas e pagam bom salários;, afirma. Ele observa, no entanto, que se destacar nesse mercado exige sacrifício. ;A tecnologia não para de mudar. Por isso, a profissão demanda estudo e dedicação. Sem dúvida, aprender outros idiomas também é um critério, pois a linguagem de programação é em inglês.;
Presidente da CDS Condomínio de Soluções Corporativas, Paulo Roberto Moura busca novos talentos. Desde que abriu a empresa, em 2002, o empresário de 37 anos viu sua equipe, antes restrita a um escritório em Brasília, aumentar de seis para 250 funcionários, agora também em São Paulo. Há dois anos, ele criou um programa de estágio, com a abertura de 10 vagas por ano em áreas como análise de sistemas, ciência da computação, administração, economia e comunicação. Os aprovados passam por dois anos de treinamento e, na maioria dos casos, são efetivados.
Moura diz que tem investido na capacitação dos empregados. Todo o esforço, no entanto, não é suficiente para suprir a carência de profissionais. ;Estou com 75 vagas abertas e não consigo preencher;, revela. Do total de oportunidades, 45 são em Brasília e 30 em São Paulo, com salários que variam de R$ 5 mil a R$ 10 mil. Os cargos ociosos são, principalmente, de arquiteto da informação e especialista nas áreas de banco de dados e inteligência empresarial ; a atividade de explorar e analisar informações para usá-las estrategicamente.
A globalização só vai aumentar os desafios do presidente da CDS. Ao longo deste ano, o seu contrato com a General Motors rompeu fronteiras e ele passou a exportar conhecimento e tecnologia para as unidades da empresa na Colômbia, no Chile e no Equador, as suas primeiras parcerias internacionais. No ano que vem, vai abrir escritórios em Curitiba e em Porto Alegre. Para fazer os negócios prosperarem, terá de atrair e reter as melhores cabeças do mercado.
Bons salários
Para quem quer ingressar na carreira, os salários são um atrativo, principalmente no Distrito Federal. Enquanto a média nacional é de R$ 2.228, na capital, ela sobe para R$ 2.774, diferença de 24,6%. A depender da complexidade do cargo, a remuneração é maior. Pelos dados do estudo, um analista de desenvolvimento de sistemas, por exemplo, ganha R$ 3.980.