Economia

Mercado de aviação civil oferece boas oportunidades de emprego

postado em 11/12/2011 10:31
A Aviação civil não é só o famoso glamour de ser comissário de bordo ou a responsabilidade de pilotar um avião por várias horas seguidas. As possibilidades na área vão muito além disso: até quem tem medo de voar pode atuar em solo, como segurança de voo, mecânico ou no balcão de check-in. Geralmente, as carreiras exigem nível médio e oferecem salários atrativos para quem tem vontade de trabalhar. Com o aumento da classe média e a chegada de eventos esportivos mundiais em território tupiniquim, as empresas precisam de novos profissionais para atender às demandas dos clientes.
A despachante de voo Ana Paula treina para ser piloto. O comandante Fábio Quezado é um de seus professores
A despachante de voo Ana Paula Nunes, 34 anos, já experimentou diversas opções dentro da carreira. Na aviação há mais de uma década, ela foi segurança de voo e comissária de bordo antes de assumir o atual emprego em terra para poder se dedicar ao novo sonho: ser piloto. ;As pessoas acham que as companhias aéreas são formadas apenas por comandantes, comissários e o pessoal do check-in, mas existe uma estrutura imensa por trás disso tudo;, explica a moça. Ela nunca teve a carreira como objetivo de vida: entrou para uma companhia aérea apenas para conseguir pagar a faculdade de administração e acabou ficando por muito mais tempo do que planejava. ;Não tem como largar, é viciante;, brinca.

Professor de Ana Paula na GF Escola de Aviação, Fábio Quezado, ao contrário da aluna, sonhava em trabalhar com aeronaves desde menino. ;Meu pai sempre foi fanático por aviação, mas nunca teve a oportunidade de seguir essa carreira. Eu ia ao aeroclube com ele e me imaginava comandando aviões;, lembra. Desde o início deste ano, o piloto de 30 anos trabalha no mercado privado. E não se arrepende nem por um minuto do investimento pesado que teve de fazer para atingir o que queria. E se diverte: ;As pessoas costumam me perguntar do estresse que é pilotar um avião. Mas voar não é estressante, é bom demais;.

Quando Ana Paula e Fábio começaram a se dedicar ao universo do transporte aéreo, as possibilidades de emprego não eram numerosas como agora. De acordo com o coordenador do curso de aviação civil na Universidade Anhembi Morumbi, Edson Luiz Gaspar, este é o momento ideal para trabalhar com isso. ;O mercado está em crescimento acentuado, todas as empresas estão comprando aeronaves novas, se modernizando, se reorganizando. E a possibilidade de crescimento existe em todas as áreas. Tenho um ex-aluno que entrou para ficar no balcão de atendimento do aeroporto e hoje é comandante. Tem que começar na empresa e aproveitar as oportunidades que aparecem, correr atrás dos objetivos;, aconselha.

Para se capacitar, os requisitos dependem muito de cada profissão e do tempo que o candidato dispõe para estudar. Os cursos de formação de comissários e mecânicos de voo levam de três a quatro meses para serem completados, enquanto o caminho para se tornar piloto exige alguns anos e tem um custo mais alto: cerca de R$ 80 mil são necessários para conseguir a licença para voar comercialmente. É necessário ser maior de idade e ter pelo menos o ensino médio. A idade-limite é um ponto de incerteza, ainda mais com a crescente necessidade das empresas por profissionais qualificados. ;Depende muito da intenção da pessoa e da área em que quer atuar. Geralmente, contratam-se pilotos com idade máxima de 35 anos. Mas isso não é regra. A cada dia que passa, tenho mais notícias de profissionais por volta dos 40 anos sendo contratados;, tranquiliza o professor Gaspar.

Outros voos
Assim como não existem só comissários e pilotos, a aviação civil não se concentra apenas em aviões comerciais. O comissário Eduardo Vargas, por exemplo, foi parar na carreira por acaso, há 12 anos, e, mesmo com o diploma em direito obtido em 2007, não quis sair do ar. Aos 33 anos, está no encalço da carreira de piloto de helicóptero. Ele já tem a licença para voar não comercialmente, mas pretende fazer disso seu trabalho. Na atual profissão, teve experiências marcantes, como participar dos voos de ida e volta da Seleção Brasileira de futebol da Copa de 2010, além de ter constituído família: a esposa é colega de profissão e o filho, de três anos, tem estímulo para seguir os passos dos pais. ;Ele vai ser piloto, com toda a certeza;, brinca Eduardo.

O professor Gaspar salienta que o aquecimento do mercado de aviação civil extrapola as companhias tradicionais. Em São Paulo, o mercado de helicópteros é o segundo maior do mundo, perdendo apenas para o de Nova York. ;O momento é muito interessante, de alinhamento entre as empresas aéreas. Elas não deixaram de competir, porém passaram a buscar outros espaços para atuarem. No começo, a Azul batia de frente com a Tam e a Gol, mas agora está procurando outros mercados, com aeronaves diferentes;, exemplifica.

Outra mudança esperada para os próximos anos é a privatização dos aeroportos. Até o momento, estão autorizados os editais de concessão dos aeroportos de Cumbica (Guarulhos), Viracopos (Campinas) e Juscelino Kubitschek (Brasília). A ideia é conseguir atender ao número crescente de passageiros e preparar o país para a Copa do Mundo de 2014. De acordo com as regras, a estatal Infraero segue como sócia de cada um, detentora de 49% de participação nas decisões. O professor Gaspar vê na mudança pontos positivos para o crescimento da carreira de aeronauta: ;Acho que com isso as companhias não vão diminuir as exigências, a tendência é manter o mesmo nível ou até mesmo aumentar, porque o número de pessoas interessadas em trabalhar com a aviação civil vai crescer;.

Autorização para voar

Nos últimos seis anos, o número de licenças para pilotar aviões e helicópteros quintuplicou: de cerca de 800 pedidos por mês em 2006, a Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac) recebeu por volta de 4 mil solicitações
mensais em 2011. Veja os números anuais das diferentes licenças:

Vida de aeromoça

Quando Cláudia Vasconcelos decidiu ser comissária de bordo, os tempos
eram outros. A maioridade civil brasileira era de 21 anos e, para iniciar a carreira, a moça de 18 teve de ser emancipada. Naquela época, a profissão de aeromoça não era bem-vista por grande parte da sociedade, que não admitia jovens e solteiras trabalhando com homens, longe de casa.
Mas a família de Cláudia era entusiasmada com a aviação civil e a mãe dela não hesitou em mandá-la do Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro para se tornar comissária de bordo. ;Acho que a ideia de trabalhar com isso estava no inconsciente, porque meu tio era da profissão desde 1964. Aquilo mexeu com meu imaginário infantil, e ficou ali guardado. Quando vi o anúncio convocando moças para trabalhar, dei uma desculpa esfarrapada para o meu chefe na época e fui fazer a seleção;, lembra a gaúcha.
Contando com três décadas de trabalho no ar, hoje, aos 59 anos, Cláudia não atua mais na área, mas pensa com carinho na profissão. ;Toda mulher queria ser aeromoça! Sempre amei o que fiz. Eu realmente gostava muito. Claro que quando havia alguma doença na família eu ficava temerosa de estar longe de casa, mas nunca me arrependi;, assegura.

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