Economia

Empresas devem reduzir o número de contratações no próximo ano

Rosana Hessel
postado em 14/12/2011 08:24
Trabalhadores na Ferrovia Norte-Sul: construção é um dos setores que pretende aumentar quadros Os empregadores brasileiros devem diminuir o ritmo das contratações no próximo ano. A Pesquisa de Expectativa de Emprego, divulgada ontem pela Manpower, empresa norte-americana especializada em soluções de mão de obra, confirma essa tendência no meio empresarial. Dos oito setores citados pelo estudo, apenas três registraram aumento na parcela de empresas que manifestam intenção de aumentar o quadro de pessoal no primeiro trimestre de 2012 em comparação com o mesmo período de 2011. São eles: agricultura, pesca e mineração (onde o indicador subiu de 18% para 30%), construção (de 34% para 36%) e administração pública e educação (de 37% para 44%).

A maior queda foi na indústria, que escorregou de 25% para 12% na comparação das expectativas do primeiro trimestre deste ano e do ano que vem. No segmento de finanças, seguros e imobiliário, o tombo foi de 40% para 30%, considerando os mesmos períodos. No setor de serviços, um dos que mais empregam no país, a redução foi de 51% para 45%.

Acomodação

;Esses números estão de acordo com nossas percepções de que o volume de contratações está caindo, assim como a renda, e a tendência é de uma acomodação na taxa de emprego no próximo ano;, comentou o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) Rodrigo Leandro de Moura. Para ele, esse pé no freio é reflexo da insegurança que prevalece tanto na economia internacional quanto doméstica, apesar dos recentes estímulos do governo.

Os dados da FGV apontam que a taxa de desemprego vem aumentando levemente. Passou de 5,9% em agosto para 6,1% em setembro. Em outubro, mês em que costuma cair devido às contratações de fim de ano, o indicador ficou em 6%.

Para novembro, o percentual deverá permanecer no mesmo patamar na avaliação de Moura. ;Também estamos percebendo uma redução na rotatividade, ou seja, os brasileiros estão mais receosos de trocar de emprego e preocupados em preservar os que possuem;, completou.

Mesmo com essa queda das expectativas, 40% dos empregadores brasileiros entrevistados pela Manpower têm intenção de contratar novos funcionários nos três primeiros meses do próximo ano. ;Ainda que o governo reduza a expectativa de criação de empregos e a estimativa do PIB (Produto Interno Bruto), há um enorme potencial no mercado de trabalho brasileiro;, afirmou o principal executivo (CEO) da Manpower Brasil, Riccardo Barberis. O executivo destacou que ;o Brasil é o país que reporta o mais forte plano de contratações nas Américas e um dos mais fortes no mundo;. A pesquisa ouviu 65.000 diretores de recursos humanos em 41 países, dos quais 851 no Brasil.

Medo do desemprego
Os brasileiros estão mais temerosos de perder o emprego. Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada ontem, mostrou que o Índice de Medo do Desemprego ficou em 81,6 pontos em dezembro, 3,7% maior que em setembro deste ano, quando atingiu 78,7 pontos. Houve ainda crescimento de 2,9% em relação a dezembro de 2010. Com base 100, quanto mais alto o índice, maior é o medo das pessoas de serem demitidas. Apesar da elevação, a CNI explicou que o receio de ficar desemprego ainda é baixo, já que o indicador se mantém próximo a seu piso histórico.

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