Economia

A crise bateu à porta das empresas brasileiras, sobretudo das exportadoras

postado em 14/12/2011 08:37

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Com o recrudescimento da situação na Europa, pelo menos 50% das linhas de crédito oriundas do Velho Continente não têm sido renovadas. Pelas estimativas do Banco HSBC, a América Latina está exposta à Zona do Euro em US$ 206 bilhões ; volume referente a todas as operações bancárias de financiamento externo a companhias nacionais. Essa montanha de dinheiro pode desaparecer caso uma solução não seja encontrada para o endividamento dos países e para a dificuldade de captação em dólar das instituições financeiras europeias.

Se o cenário piorar, especialistas afirmam que o Banco Central pode intervir no mercado, a exemplo de 2008, quando liberou cerca de US$ 90 bilhões das reservas internacionais em forma de linha de crédito para exportadores. André Loes, economista-chefe do HSBC para a América Latina, explica que o Brasil é o país da região que mais recebe recursos da Europa. Nos cálculos dele, são US$ 78,6 bilhões, valor equivalente a 38% de todo o financiamento estrangeiro para empresas brasileiras. Até junho, o total estava estimado em US$ 207,5 bilhões vindos de vários países para bancar, sobretudo, as operações de exportação.

Ainda assim, o Brasil é o menos exposto à Europa em uma lista de oito países elaborada pelo HSBC com base em dados do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês). O Chile e o Uruguai, na avaliação de Loes, são os mais expostos ; o primeiro com 63% dos recursos externos oriundos da Europa e o segundo com 57%. ;O que a gente vê é que boa parte, cerca de 50% desses financiamentos na América Latina, não está sendo renovada;, disse Loes.

Na visão do economista, o fechamento de algumas linhas já encareceu o crédito para os exportadores em 0,06% na média. ;O risco vai depender do setor. Alguns vão sofrer mais que outros. Os bancos europeus não estão conseguindo emprestar porque não têm liquidez em dólar;, observou. ;É um reflexo da crise de lá. Não tem muito a ver com a gente. Agora, vai ter efeito sobre a competitividade dos exportadores, sobretudo porque as moedas ficaram apreciadas na América Latina.;

Captação
De acordo com o HSBC, o cálculo de exposição de US$ 78 bilhões vindos da Europa exclui as operações de bancos estrangeiros em moeda local. Para a instituição, o dado do BIS, de que a exposição brasileira seria de US$ 416 bilhões, é distorcido porque as subsidiárias dos bancos operam com captação local e em real, não em dólar. Na conta da instituição, estaria também esse componente. Nos números do HSBC, entraram apenas as linhas de crédito com recursos exclusivamente europeus.

Problemas à vista

Com a instabilidade da Zona do Euro, aumenta a exposição de países latinos a financiamentos europeus (Em US$ bilhões)
Quanto de crédito vem da Europa
Brasil 78,6
México 57,1
Chile 30,7
Peru 12,1
Argentina 9,9
Colômbia 7,6
Venezuela 4,9
Uruguai 4,2

Quanto a América Latina recebe de crédito externo
Brasil 207,5
México 114,3
Chile 48,9
Peru 31,8
Argentina 21,4
Colômbia 17,0
Venezuela 11,8
Uruguai 7,4
Fontes: HSBC, BIS e balanços de bancos

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