postado em 15/12/2011 14:27
Em visita à cidade de São Paulo, o primeiro-ministro da França, François Fillon, disse nesta quarta-feira (15) que o país está pronto para iniciar um diálogo ;franco; sobre o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia.Fillon ressaltou, no entanto, que os países europeus não vão abrir mão de apoiar seus agricultores ; uma das principais questões que hoje travam o avanço do acordo, ; mas destacou que o protecionismo não é um caminho aceitável.
;Sabemos que o que agravou a crise dos anos 30, que é bastante comparável com a crise atual, o que a tornou catastrófica, e que acabou levando para todas as desordens, foi a volta para o protecionismo;, disse, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O primeiro-ministro ressaltou que não há fundamento em dizer que há um ;bloqueio; por parte dos europeus em negociar a abertura do mercado agrícola. Segundo Fillon, a agricultura é estratégica para a segurança de abastecimento do ponto de vista sanitário, e a Europa não irá abrir mão dela.
;Nós estamos prontos para um diálogo franco e transparente, mas, além da parte agrícola, temos de falar da parte industrial, o comércio, os serviços, o acesso aos mercados públicos. Estou convencido de que nós vamos encontrar uma solução aceitável;, acrescentou.
Há sete meses, as negociações entre o Mercosul e a União Europeia foram retomadas. Desde 2004, as conversas estavam paralisadas devido à falta de progresso na Rodada Doha, na Organização Mundial do Comércio (OMC) - que prevê a criação de regras para o comércio global. Para os europeus, facilitar a exportação de produtos agrícolas do Mercosul pode prejudicar seus agricultores.
O primeiro-ministro fez referência ainda à participação da França nas forças de coalizão que fizeram uma intervenção militar na Líbia. Fillon defendeu a ação e disse que a medida foi baseada na proteção das populações e na defesa de um processo democrático nascente.
;Eu conheço as reticências que foram emitidas pelas autoridades brasileiras, durante a intervenção militar que conduzimos na Líbia. Entendo as reticências, mas também gostaria que entendessem as nossas;, disse.
Em setembro, em discurso na abertura da 66; Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a presidenta Dilma Rousseff se colocou contrária às intervenções militares ocorridas nos países do Oriente Médio e do Norte da África, envolvidos em conflitos civis desde o ano passado, em uma série de revoltas conhecida como Primavera Árabe.
"Repudiamos com veemência as repressões brutais que vitimam populações civis. Estamos convencidos de que, para a comunidade internacional, o recurso da força deve ser sempre a última alternativa", destacou Dilma ao discursar.