Júnia Gama
postado em 16/12/2011 08:15
A presidente Dilma Rousseff reafirmou na quinta-feira (15) ao primeiro-ministro da França, François Fillon, a disposição do Brasil de realizar novos aportes ao Fundo Monetário Internacional (FMI) desde que a instituição execute reformas para permitir que os países emergentes tenham maior participação no organismo. Os recursos poderão ser usados para conter a crise de dívida soberana que atinge a Zona do Euro. ;Reafirmei a disposição do governo brasileiro de realizar, se necessário, novos aportes, desde que tenhamos garantias de que a reforma prevista desde 2010 será implementada;, disse a presidente, durante evento em que recebeu uma delegação francesa no Palácio do Planalto.
O Brasil defende mudanças no FMI e em outros organismos internacionais para que os países emergentes tenham maior poder de decisão na governança global. Este ano, o país apoiou a candidatura da francesa Christine Lagarde à direção do Fundo, em troca da promessa de que os estatutos do órgão serão modificados. Os pleitos brasileiros têm o apoio da França, inclusive para que o Brasil tenha um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, conforme reafirmou Fillon ontem.
Símbolo
O primeiro-ministro francês reiterou que a França não poupará esforços para evitar a dissolução do euro. ;Quaisquer que sejam as dificuldades que atravessemos nunca vamos transigir em relação à questão da moeda única, que, para nós, é o símbolo da construção deste conjunto que é essencial para proteção de nossa civilização europeia; declarou. A França, segundo disse, está determinada a ;controlar as despesas públicas; e a ;relançar o crescimento europeu;.
Fillon veio ao país acompanhado dos ministros dos Esportes, da Indústria, da Cooperação e de uma delegação empresarial. A visita começou ontem e dura até amanhã, com passagens pelo Rio de Janeiro e por São Paulo. No encontro do Palácio do Planalto, foi apresentado a Dilma um relatório do grupo empresarial de alto nível Brasil-França, apontando ações concretas e projetos para estimular o comércio bilateral, que atingiu US$ 8,9 bilhões entre janeiro e novembro de 2011.
Foram firmados quatro acordos de cooperação entre os dois países. Três deles, no âmbito do Programa Ciência sem Fronteiras, concedendo 10 mil vagas para alunos brasileiros em instituições francesas em 2012. O outro tratado, sobre Previdência Social, autoriza aposentados brasileiros domiciliados na França a receber lá seus benefícios, e concede o mesmo direito a franceses residentes no Brasil.
Dilma e Fillon discutiram a crise econômica europeia e a venda de caças Rafale para reequipar a Força Aérea Brasileira. O negócio bilionário poderia salvar a empresa francesa da bancarrota. Na entrevista, Dilma disse que ;a área de defesa é um dos pilares; da relação entre os dois países, e que deseja ;construir uma verdadeira indústria nacional de defesa;, contandoe com a França para isso.
Investimentos
A França foi o quinto maior investidor no Brasil em 2011. Os US$ 2,3 bilhões aplicados por investidores franceses representaram 4,5% do total recebido pela economia brasileira de janeiro a setembro. Ontem, em São Paulo, foi assinada carta de intenções pela qual a agência de desenvolvimento francesa financiará grande parte da construção de um trem que ligará o aeroporto de Guarulhos ao centro da capital paulista antes da Copa do Mundo de 2014, projeto estimado em US$ 640 milhões. Segundo Fillon, empresas francesas querem aumentar sua participação na infraestrutura brasileira, nos setores de transporte e aviação.