postado em 19/12/2011 08:00
Os ministros das Finanças da União Europeia vão fazer uma teleconferência hoje com o objetivo de discutir uma saída para a crise da dívida dos países da Zona do Euro, fechando um acordo que reestabeleça a confiança nas economias do Velho Continente. O encontro será mais uma tentativa de acordo para solucionar as dificuldades financeiras dos 27 países-membros e principalmente dos 17 que compartilham o euro.
O encontro virtual será o primeiro após a reunião de cúpula de duas semanas atrás, quando o primeiro-ministro britânico, David Cameron, foi o único a recusar o novo acordo fiscal. Os ministros negociarão o aumento de recursos ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para o socorro às economias frágeis do continente e detalharão o novo modelo fiscal, previsto para ficar pronto no fim de janeiro. As novas regras estabelecem um teto de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) para a dívida pública.
A resposta do mercado ao acordo fiscal da UE tem sido fria, especialmente devido à reticência do Banco Central Europeu (BCE) em intensificar a compra de títulos da Zona do Euro. ;A relutância do BCE em sustentar um nível semelhante de apoio aos seus acionistas soberanos mina os esforços dos países membros da Zona do Euro de colocar em prática uma proteção financeira confiável;, ressaltou a agência de classificação de risco Fitch, que ameaça rebaixar a nota de vários países do bloco europeu.
Integração
;Todos sabemos que a Europa não tem sido capaz de convencer os mercados de que a sua estrutura de governança e suas medidas contra a crise são suficientes;, disse o vice-ministro da Economia da Itália, Vittorio Grilli, em entrevista ao jornal Il Sole 24 Ore.
;Precisamos de mais integração e ferramentas mais eficazes. Ainda não chegamos lá.; A Suécia sinalizou anteontem que pode acompanhar o Reino Unido e desistir de assinar o acordo. Esta semana será crucial para a Zona do Euro.
O governo da Irlanda também está reticente quanto ao acordo fiscal. As autoridades querem esperar até que o texto final esteja pronto antes de decidir se será necessário um referendo para ratificá-lo. Enquanto isso, a popularidade do primeiro-ministro irlandês, Enda Kenny, e de seu governo de coalizão caiu drasticamente após o lançamento do primeiro orçamento de austeridade, com corte de 3,8 bilhões de euros. A satisfação do eleitor com Kenny, eleito em fevereiro, caiu 14 pontos, chegando a 44%.
Conversão repentina
Às vésperas do início das prévias que escolherão o candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos nas eleições do ano que vem, o presidente da Câmara dos Deputados, John Boehner, resolveu agradar o eleitorado. Antes fiel defensor do corte de gastos e da diminuição dos benefícios sociais, Boehner disse ontem que o programa de redução de impostos para os mais pobres e a elevação do tempo do auxílio-desemprego por dois meses foram insuficientes. ;Os incentivos deveriam ser estendidos para todo o ano que vem;, afirmou. Ele é um dos principais opositores do presidente Barack Obama, que comemorou a aprovação pelo Senado e assinou a lei no sábado à noite.