postado em 20/12/2011 08:11
Bruxelas ; Os países da Zona do Euro concordaram ontem em oferecer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) 150 bilhões de euros em empréstimos bilaterais para que o organismo possa ajudar a resolver a crise de endividamento da região. A decisão, anunciada no fim de um encontro dos ministros de Finanças das 27 nações da União Europeia, deve aumentar significativamente o papel desempenhado pelo fundo na busca de uma saída para a dramática situação vivida no continente.Suécia, Dinamarca, Polônia e República Tcheca, que não fazem parte da união monetária ; o euro é adotado somente por 17 países ; também vão participar da operação, mas a Grã-Bretanha, que vem assumindo posições divergentes nas reuniões de cúpula europeias, informou que precisa de mais tempo para decidir. Em Londres, fontes do Tesouro britânico disseram à Reuters que o ministro de Finanças, George Osborne, afastou a possibilidade de participar da injeção de recursos ao Fundo, que, segundo um diplomata europeu, pode alcançar a cifra de 200 bilhões de euros.
Os ministros fizeram ainda um apelo para que outros países contribuam com o plano de socorro. ;A UE apreciaria que os membros do G20 (grupo das 20 maiores economias do planeta) e outros membros do FMI com finanças fortes ajudem nos esforços para proteger a estabilidade financeira global por meio da contribuição para os recursos do FMI;, afirmou comunicado distribuído no fim do encontro.
Na semana passada, a Rússia anunciou que está disposta a liberar US$ 20 bilhões para o enfrentamento da crise. O governo brasileiro também aceita canalizar recursos por meio do FMI em troca de uma reforma que garanta ao país maior poder de decisão nas políticas do organismo.
Restrições
A gravidade dos problemas europeus e os efeitos danosos que eles ainda poderão desencadear na esfera global têm sido os principais argumentos usados para convencer os países de outras regiões a abrir seus cofres para salvar a Zona do Euro. Ontem, durante visita à Nigéria, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, afirmou que ;a severidade da crise e a dificuldade que os europeus possuem para geri-la
criarão uma onda que atingirá todas as economias do mundo;.
O aporte de recursos dos próprios países da Europa ao FMI é uma maneira de driblar as restrições que impedem instituições como o Banco Central Europeu (BCE) de assumir um papel mais amplo e mais ativo no combate à turbulências, como vem sendo recomendado por vários economistas e representantes de governos da região. Ontem, o presidente do BCE, Mario Draghi, reiterou que o Tratado Europeu (base da constituição da UE) proíbe o financiamento monetário, ou seja, que o BCE ajude os Estados da Zona do Euro emitindo moeda. ;O tratado especifica precisamente que nossa atribuição consiste em garantir a estabilidade dos preços;, disse ele ante a Comissão de Assuntos Econômicos e Monetários do Parlamento Europeu, em Bruxelas. Draghi afirmou que o BCE não quer infringir essa norma para que sua credibilidade não seja abalada.
2,9 bi de euros para Portugal
O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou ontem que vai liberar 2,9 bilhões de euros de uma nova parcela do pacote de resgate financeiro a Portugal. A liberação ocorre depois de uma segunda avaliação formal feita pelo Fundo, que aprovou o andamento dos programas de austeridade fiscal e das reformas econômicas promovidas pelo governo português. As medidas foram adotadas como contrapartida de um pacote de 78 bilhões de euros liberado em maio deste ano. Na ocasião, os recursos foram autorizados pelo FMI e pela União Europeia (UE). Entre os países da região que precisaram recorrer ao socorro internacional para honrar compromissos, Portugal é o que mais preocupa os especialistas, dada sua maior importância. Grécia e Irlanda também já recorreram à ajuda externa.