postado em 21/12/2011 09:15
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, previu tempos difíceis para a economia brasileira nos próximos meses. Ele sinalizou que ela vai voltar crescer em ritmo mais forte somente no segundo semestre de 2012. Mas, para que isso ocorra, o país dependerá de uma ;desaceleração suave; da China, ou seja, que o Produto Interno Bruto (PIB, soma de tudo que é produzido) do gigante asiático avance pelo menos 8% para que as projeções da instituição para o Brasil se concretizem.
;O crescimento econômico no Brasil no próximo ano será maior que o de 2011 ; e a inflação será menor;, afirmou Tombini, ontem, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Citando as projeções do mercado financeiro, compiladas pelo BC no Boletim Focus, ele destacou que a variação anual acumulada do PIB deve ficar em 3% no quarto trimestre deste ano, caindo para 2,6% no primeiro trimestre de 2012 e para 2,5% no seguinte. A partir do terceiro trimestre, o crescimento do PIB voltará a acelerar, passando para 2,9% e depois para 3,4%, até chegar a 3,7% no primeiro trimestre de 2013.
Para o comandante da autoridade monetária, o processo de redução da inflação está em curso e os efeitos das medidas que o BC adota, como a redução da taxa básica de juros (Selic), demoram algum tempo para ser sentidos. A previsão do mercado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 6,50% para este ano, ou seja, no teto da faixa de tolerância admitida pelo governo. ;A partir de 2012, ela voltará para os patamares mais próximos ao centro da meta de 4,5%;, afirmou.
Recessão
Ao fazer um balanço de seu primeiro ano à frente do BC, Tombini procurou destacar as dificuldades enfrentadas pela economia brasileira devido à crise da Europa, que não deverá encontrar uma solução imediata. ;O novo plano aprovado pelos líderes europeus não representa uma solução definitiva para a crise. Falta um pacote financeiro emergencial e o endividamento fiscal demanda tempo para ser definitivamente resolvido;, afirmou. Ao seu ver, os bancos europeus ainda estão vulneráveis e os mercados continuarão instáveis. ;Os países europeus devem ter crescimento baixo nos próximos anos, com alguns deles entrando em recessão;, completou.
Tombini reconheceu que existem preocupações em relação à economia chinesa, mas disse ter esperanças de que o país asiático possua capacidade para escapar da crise. ;A China tem condições e instrumentos para arquitetar e administrar uma desaceleração mais suave e já vem se utilizando deles, como o controle da inflação;, afirmou. Para ele, uma desaceleração mais forte afetaria, em primeiro lugar, as commodities minerais, cujos preços cairão mais rápido. ;Os alimentos têm mais resistência, o que é bom para a gente também;, concluiu.
O presidente do BC admitiu ainda que a entrada de investimento estrangeiro direto no Brasil será menor em 2012, caindo do recorde de US$ 65 bilhões que deverá alcançar neste ano para US$ 50 bilhões. Esse volume será insuficiente para cobrir o rombo previsto de US$ 65 bilhões nas transações correntes do país com o exterior (saldo da balança comercial mais serviços e rendas).
Na avaliação de Tombini, a economia brasileira poderia ter um desempenho pior em 2011 se a instituição não tivesse elevado a taxa básica de juros, no início do ano, para conter o crédito e a pressão inflacionária. A partir de agosto, com o agravamento da crise, a instituição passou a reduzir os juros.
O novo plano aprovado pelos líderes europeus não representa uma solução definitiva para a crise. Falta um pacote financeiro emergencial e o endividamento fiscal demanda tempo para ser definitivamente resolvido;
Alexandre Tombini, presidente do Banco Central