Rosana Hessel
postado em 22/12/2011 08:57
Impulsionada por um aumento de quase 100% das prestações atrasadas nos financiamentos de veículos, a inadimplência dos brasileiros cresceu para 5,6% do total dos contratos, em novembro, ante os 5,5% registrados em outubro. É a maior taxa desde novembro de 2009, quando o indicador bateu em 5,8%, no meio da crise financeira global desencadeada pela quebra do banco americano Lehman Brothers, ocorrida em setembro de 2008. Os dados foram divulgados pelo Banco Central, que informou ainda que o volume total de empréstimos cresceu 1,9% no mês passado, alcançando R$ 1,98 trilhão.O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, tentou minimizar o aumento do calote, explicando que ele ocorreu, principalmente, devido ao salto verificado no crédito para a compra de automóveis. Entre dezembro de 2010 e novembro deste ano, a taxa de atrasos nesse segmento passou de 2,5% para 4,9%, comprovando que cada vez mais brasileiros estão com dificuldades para quitar as parcelas dos carros adquiridos no meio da euforia do crédito no fim do governo Lula.
Para piorar, se forem considerados somente os financiamentos à pessoa física, o volume de contas em atraso sobre para 7,3%. No cheque especial, a taxa é maior ainda: 10,1%. No mês passado, a alta desses dois itens foi de 7,1% e de 9,5%, respectivamente. ;Esse aumento da inadimplência no cheque especial foi sazonal;, ponderou Maciel. ;A médio prazo, haverá uma continuidade do crescimento da renda e do emprego. Mas os bancos já estão mais seletivos na concessão de crédito, o que tende a contribuir para a redução da inadimplência;, acrescentou.
O economista Frederico Turolla, da consultoria Pezco, ainda não vê os números do BC com preocupação. No entanto, ele reconheceu que o sinal de alerta foi dado: ;Trata-se de um indicador de desaceleração da economia. Isso é fato, mas os dados estão próximos do que estávamos esperando. Acredito que a inadimplência vai voltar a cair no segundo semestre de 2012;, explicou.
Crédito cresce menos em 2012
O BC elevou de 17% para 17,5% a projeção de crescimento de crédito neste ano. Com isso, a participação do segmento no Produto Interno Bruto (PIB) deverá passar de 44,9% para 45,2%. No ano que vem, no entanto, o crescimento será menor. ;Esperamos um crescimento moderado do crédito em 2012, de 15%, que será impulsionado pelo aumento de 21% no crédito habitacional;, disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel. A participação do crédito no PIB será de 51%.