Economia

Para forçar crescimento, Itália prepara novo pacote de privatizações

O premiê italiano, Mario Monti, anunciará medidas no fim de janeiro

postado em 30/12/2011 08:48

Roma ; Depois de colocar em ordem as contas públicas, o chefe de governo da Itália, Mario Monti, prometeu ontem um novo pacote de medidas para reativar a economia. A Itália segue como um dos principais focos de preocupação na Zona do Euro. Apesar das medidas de austeridade já adotadas, investidores não acreditam na capacidade de o país resolver os próprios problemas. Não por acaso, Monti disse que anunciará, até o fim de janeiro, um amplo pacote de medidas liberalizantes, com novos cortes de benefícios sociais e reformas do mercado de trabalho. O objetivo é impulsionar o crescimento econômico.

O premiê adiantou que estuda implantar uma reforma trabalhista para aumentar a flexibilidade nas contratações do setor privado. O Estado também poderá reduzir sua imensa dívida pública, de 1,9 trilhão de euros, com a venda de imóveis de prestígio e a privatização de estatais. Essa medida renderia aos cofres públicos cerca de 100 milhões a 150 milhões de euros. Os planos do dirigente italiano serão apresentados aos ministros de Finanças da União Europeia em 23 de janeiro.

A aprovação, na semana passada, de um amplo pacote de medidas de austeridade para ;salvar a Itália; foi a primeira tarefa do governo de Monti. Seu segundo ato será o pacote para ;fazer a Itália crescer;, segundo sua própria definição. A Itália está ameaçada pela recessão. O governo prevê uma contração de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano e precisa, por todos os meios, fornecer oxigênio a uma economia que não reuniu condições de crescer além de 1% na última década.

Ontem, o Tesouro italiano conseguiu vender 7 bilhões de euros em títulos públicos, mas ainda pagou um elevado preço, taxa de 6,98%, para atrair os investidores aos papéis com vencimento de 10 anos. Embora os juros cobrados tenham ficado abaixo do recorde de 7,56% de 29 de novembro, o índice ainda é assustador para um país do porte da Itália. Os custos elevados mantêm intensa a pressão sobre a terceira economia da Zona do Euro, que precisará se refinanciar no início de 2012.

Realista, Monti advertiu que ;as turbulências financeiras (na Europa) não podem se dar por acabadas;. A seu ver, a crise da dívida é, sobretudo, ;um problema europeu; que requer uma resposta convincente da União Europeia (UE). Ele apelou às autoridades alemãs a não se fixarem em uma perspectiva de curto prazo, centrando-se apenas na disciplina orçamentária, e criticou Berlim, que ;deveria ter sido capaz de fazer mais trabalho pedagógico para explicar à opinião pública os enormes benefícios que a Alemanha tira do mercado único europeu;.

Greve complica a Grécia
Em meio a um rigoroso esforço de austeridade fiscal, a Grécia enfrenta um novo obstáculo para atingir as metas de economia acertadas com o Fundo Monetário Nacional (FMI) e a União Europeia (UE). Uma greve de 48 horas, iniciada ontem por servidores públicos responsáveis pelo recolhimento de impostos, deve comprometer as receitas do país. Responsáveis pela arrecadação grega, os funcionários resolveram protestar contra cortes nos salários. O governo já admitiu que não atingirá a meta fixada para 2011 e o deficit orçamentário será de 9% do Produto Interno Bruto (PIB), ou 19,68 bilhões de euros.

Retração à espanhola

Madri ; Em um ambiente de fortes tensões nos mercados financeiros e de deterioração das perspectivas de crescimento na Zona do Euro, a atividade econômica espanhola registrou contração no último trimestre de 2011, revelou ontem o Banco Central do país. Contudo, a instituição não anunciou o tamanho da queda no Produto Interno Bruto (PIB). Na segunda-feira, o ministro da Economia, Luis de Guindos, já havia dito que a Espanha certamente entraria em retração nos últimos três meses do ano.

;Depois da estagnação da economia no terceiro trimestre, as informações econômicas disponíveis, ainda incompletas, indicam contração da atividade nos últimos meses do ano;, destacou o Banco Central espanhol. Contribuíram para o resultado ruim o forte enfraquecimento do consumo e o recuo dos investimentos no setor da construção. A Espanha, que viu seu PIB cair 3,7% em 2009 e 0,1% em 2010, tenta retomar o crescimento econômico desde o início de 2011. Mas, neste ano, só progrediu 0,4% no primeiro trimestre, 0,2% no segundo e, no terceiro, retrocedeu a zero.

O país saiu no início de 2010 de uma recessão de mais de 18 meses, provocada pela crise e pela explosão da bolha imobiliária. O primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy assumiu o governo espanhol na semana passada com a promessa de tirar o país da crise.

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