Economia

Depois de um ano negativo, melhora a perspectiva da bolsa de valores

Vera Batista
postado em 01/01/2012 09:30
Depois de um 2011 negativo para a Bolsa de Valores de São Paulo (BMF), que amargou queda de 18,1% no ano ; a terceira maior, desde a estabilização da economia com o Plano Real ;, a perspectiva é de ventos melhores para o mercado acionário em 2012. Mas, ainda assim, cautela é fundamental. O ano ainda deve ser de muitas oscilações. O investidor pode ter bons lucros se souber escolher companhias rentáveis, diversificar aplicações e mudar a composição da carteira na hora certa.

Especialistas ponderam que as medidas do governo para blindar o Brasil do contágio da crise externa vão se fazer sentir mais intensamente no início deste ano, o que deve incentivar o apetite pelo risco e atrair novos investidores para a bolsa. Eles aconselham, contudo, para quem nunca aplicou em ações, a busca de ajuda profissional. ;O investimento tem que ser cirúrgico, bem calculado e com extrema atenção aos rumos que o governo vai dar à economia em um ano eleitoral. Se os juros se mantiverem em queda e a inflação seguir comportada, a bolsa, sem dúvida, fechará 2012 no azul;, prevê Cesar Bergo, economista da Planner Corretora.

Para Harold Thau, da Técnica Assessoria de Mercado de Capitais, ações de grandes empresas, como as de petróleo, mineração, energia, bens de consumo e mineração, estão entre os papéis que prometem engordar o lucro dos acionistas. Felipe Chad, sócio-diretor da DX Investimentos, admite que, para os que entraram no mercado na euforia da alta e registraram perdas de mais de 20% do capital inicial, o melhor seria vender o que resta dos papéis e rever as estratégias. ;Bolsa é investimento de longo prazo; no mínimo, cinco anos;, ensina. Outros analistas acreditam que não vale a pena realizar as perdas totalmente. Pode ser interessante segurar alguns papéis por mais tempo, à espera de uma melhora no mercado, mas tudo vai depender do objetivo do investidor.

Lauro Vilares, analista técnico da XP Investimentos, tem visão semelhante. A seu ver, a estratégia de rever os ativos que compõem a carteira é necessária para quem perdeu muito, mas ele alerta que o mito de que o investidor deve comprar ações de companhias grandes e supostamente seguras, e permanecer com elas por anos, tem que ser derrubado. ;É preciso ler muito e conhecer bem o mercado para fugir das armadilhas. Em 2000, por exemplo, comandavam o Ibovespa as empresas de telecomunicações. Hoje, são as de commodities (mercadorias com cotação internacional) que lideram;, exemplifica.

;A composição do Ibovespa muda de quatro em quatro meses. Empresas com desempenho ruim são retiradas e as que melhoram ganham participação. Em 10 anos, a única que continuou foi a Petrobras;, lembra Vilares. Ele calcula que, nos últimos 10 anos, a bolsa deu um retorno excelente para os investidores: acumulou ganhos de mais de 230%, superando, em muito, a inflação de 90% do período.

Clubes
Para quem está interessado em ações, mas tem dificuldades ou falta de tempo para acompanhar as oscilações e elaborar estratégias de aplicação, existem duas opções: o clube de investimentos e o fundo de investimentos. O primeiro é a união de recursos de várias pessoas ; no máximo, 150 participantes ;, administrados por uma instituição credenciada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Esses grupos têm que ter, no mínimo, 51% dos recursos aplicados em papéis do mercado acionário, bônus e debêntures conversíveis em ações. O site da bolsa e da CVM tem orientações de como montar ou participar de um grupo desses.

Já os fundos de investimento funcionam de maneira mais independente. O investidor escolhe o fundo e aplica o dinheiro. O administrador da carteira toma todas as decisões sobre onde os recursos serão aplicados. Atualmente, existem dois tipos de fundos de ações: os indexados, que têm a obrigação de acompanhar um índice, a exemplo do Ibovespa; e os livres, que podem reunir papéis setoriais ou de diversos ramos sem o compromisso de acompanhar qualquer índice. É um produto considerado de alto risco e mais comum entre aplicadores que buscam uma rentabilidade mais elevada. O resgate, geralmente, só ocorre quatro dias após a solicitação.

Para quem apostou nesses produtos em 2011, o resultado foi amargo, como mostra o derretimento do Ibovespa. Ainda assim, alguns fundos específicos de renda variável venceram o fantasma da crise e aproveitaram as oscilações do mercado para ganhar dinheiro, como os do Bank of New York Mellon Brasil, que obteve retorno de 21,05% com o seu melhor produto.

;Quando se discute investimento, é importante avaliar o perfil de risco de cada cliente. Se ele tem perspectiva de longo prazo, pode aplicar em renda variável, porque o tempo dilui os riscos;, argumenta Osvaldo dos Nascimento, diretor executivo do Itaú Unibanco e responsável pelas operações de investimento e previdência.

Estratégia no CDB
A melhor estratégia para conseguir um bom retorno ao investir em Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), na avaliação de Silvio Alexandre, diretor da corretora Novinvest, é distribuir os recursos entre pequenas instituições. ;Aí é possível conseguir o total do CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro, negociado entre bancos). Ao mesmo tempo, funciona como uma defesa. O Fundo Garantidor de Crédito (FGC, associação de bancos e instituições financeiras), em caso de falência, garante as aplicações até R$ 70 mil por CPF;, explica. Isso significa que, ao se distribuir R$ 210 mil, por exemplo, entre três pequenas instituições financeiras, todo o capital está garantido. ;Mas é importante lembrar que, quanto maior o poder de barganha, maior é o risco. Os pequenos são mais vulneráveis.; Com os grandes bancos, no entanto, o mais difícil é conseguir um rendimento de 100% do CDI (bem próximo dos 11% da Selic).

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