Economia

Terceira idade já representa 30% dos alunos das academias de ginástica

postado em 05/01/2012 08:18
O engenheiro aposentado Antônio Joffily tem uma rotina de exercícios físicos de deixar qualquer jovem constrangido. Aos 62 anos de idade, ele nada três mil metros, rema durante uma hora e faz ciclismo e musculação três vezes por semana. Nos outros três dias, corre 10 quilômetros. Com tanta disposição, o mineiro de São João Del Rei gasta R$ 379 com as mensalidades dos esportes, além de investir em roupas e equipamentos, e integra o contingente de 1,5 milhão de idosos que estão alavancando os lucros das academias de ginástica de todo o Brasil. Dados da Associação Brasileira de Academias (Acad) mostram que eles representam 30% do total de 5 milhões de matriculados no país e movimentam nada menos do que R$ 600 milhões por ano.

Muito mais do que um número, Joffily reflete um Brasil que envelhece rapidamente, mas que está mudando hábitos para ter saúde e qualidade de vida na terceira idade. Pelos dados da Acad, na América Latina, o país já é o maior mercado em número de academias, além de ocupar o segundo lugar no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. O mercado brasileiro de fitness passou de 4 mil academias em 2000 para 18,1 mil em 2011. Há 10 anos, o total de idosos matriculados não chegava a 5%. Na avaliação de Kleber Pereira, presidente da associação, a tendência é de que essas estatísticas avancem.



;Sem dúvida, o aumento da expectativa de vida e o senso comum de que a prática do exercício físico é determinante em termos de qualidade de vida são dois fatores que provocarão um impacto no mercado de fitness nos próximos anos;, ressalta Pereira. A seu ver, o mercado de ginástica voltado para o público idoso, com atividades de menor impacto e um ambiente que proporcione um espaço de convivência para a terceira idade, vai despontar daqui para a frente.

A administradora Sandra Paiva vislumbrou o novo filão. Há quatro anos, ela e uma sócia abriram a academia Vital Recor, especializada nas atividades de condicionamento físico, reabilitação ortopédica e educação nutricional, justamente para a terceira idade. Ela já tem 200 alunos, um aumento de 10% em relação ao ano passado. O grupo, além de praticar exercícios, se reúne todo mês em festas, jantares e aniversários. ;Esse é um nicho que precisa de atendimento diferenciado. Não é o mesmo do jovem, que quer o corpo malhado. A maioria dos idosos procura o esporte por indicação médica e está ali pelo convívio social;, explica.

Maratonas
Antônio Joffily colocou os exercícios físicos em sua rotina aos 40 anos de idade, justamente após descobrir que sofria da Síndrome de Méni;re, doença que atinge a audição e o equilíbrio. O engenheiro começou a nadar e, em seguida, passou 13 anos correndo. Desde então, já participou de 12 maratonas no Brasil e no exterior. Dessas, três em Nova York, uma em Paris e uma em Berlim.

Depois de se aposentar, há cinco anos, Joffily dedica todas as manhãs ao esporte. Em 2011, ele completou 3,5 mil metros a nado na Travessia dos Fortes, no Rio de Janeiro. Os resultados na saúde são visíveis. Embora tenha perdido a audição no lado direito, ele não sente mais tonturas. ;Não me sinto um idoso. Nunca, mesmo. Espero chegar aos 100 anos com muita qualidade de vida;, diz. Além do esporte, o aposentado dedica a vida à pintura, à música e aos estudos. Divorciado há 16 anos e pai de três filhos, está de malas prontas para passar quatro meses em Paris estudando francês. ;Mas já encontrei uma academia lá para continuar a correr. Na rua, nesta época, é muito frio;, ressalta.

Atenta ao potencial da terceira idade, a Runway criou, em 2010, o Programa Master, voltado especialmente para pessoas com idade acima de 50 anos, com aulas de dança, caminhada, pilates, ioga e musculação assistida. O projeto-piloto funciona no Lago Norte, em Brasília, e já tem 107 alunos. Fábio Padilha, um dos sócios da academia, observa que, quando o cálculo inclui os clientes da Asa Norte e do Sudoeste, inclusive os que não participam da iniciativa, as pessoas com mais de 60 anos chegam a 1,2 mil, o equivalente a 20% do total de 6 mil. ;Quando abrimos a academia, em 1994, essa relação era de apenas 3%;, diz.

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