postado em 11/01/2012 08:00
Detroit (EUA) ; Após a catástrofe da queda nas vendas, a bonança. Reunidos no Salão de Detroit, executivos de empresas automobilísticas estão bastante otimistas quanto aos rumos do setor, exceto na Europa. A alemã Volkswagen, por exemplo, garante que irá vender cerca de 500 mil carros nos Estados Unidos, fato inédito em quatro décadas. A Ford pretende comercializar, em 2015, o dobro do registrado em 2010 em todo o mundo: 8 milhões de veículos. Controlada pela Fiat, a Chrysler deverá movimentar cerca de US$ 2 bilhões em 2012.
Em relação ao Brasil, as expectativas são ainda melhores. Até mesmo para marcas simbólicas de luxo. A Mercedes-Benz admitiu que pode retomar a produção de automóveis em Juiz de Fora (MG). Além disso, deverão ser abertas novas fábricas, como a da BMW, que negocia com dois ou três estados (entre eles, Pernambuco, que acaba de ganhar uma fábrica da Fiat). Florianópolis (SC) e o interior de São Paulo também estão na briga.
A GM confirmou que lançará sete modelos este ano no país ; entre eles, a nova S10. Deverão vir ainda o Sonic, em substituição ao Corsa, além do Cobalt automático e monovolumes para substituir Meriva e Zafira. Com portfólio envelhecido, a Chevrolet lançou no ano passado dois modelos globais ; o Cobalt e o sedã Cruze, sucesso de vendas.
Ontem, o presidente mundial da companhia, Dan Akerson, aproveitou para rechaçar o protecionismo no país em favor de empresas que têm fábrica local. ;O ambiente global melhorou. Mas essa questão continua a ser um jogo de baralho, em que cada um joga com as cartas que tem na mão. A GM manufatura no local que vende, contrata pessoas no lugar que produz;, disse.
A gigante norte-americana evita divulgar os investimentos que fará no Brasil. Até o fim de 2012, apenas aplicará o que havia previsto no plano global divulgado há cinco anos, antes da séria crise que quase a abateu entre 2008 e 2009 ; a GM se recupera bem em todo o mundo, a ponto de ter crescido nos EUA 14% em 2011. ;O resultado antes do pagamento de impostos foi de US$ 1,2 bilhão no terceiro trimestre do ano passado;, disse Akerson.
Importante
Em entrevista a jornalistas brasileiros, a presidente da empresa no Brasil, Grace Lieblein, usou seis vezes a expressão ;estamos estudando;. ;Não há muito o que dizer. A não ser que o Brasil é importante para nossos executivos e acionistas. Tanto que até a construção de outra fábrica é possível;, disse. A ampliação das unidades de São Caetano do Sul (SP) e de Gravataí (RS) é quase certa nos próximos cinco anos.
Várias marcas pretendem se instalar definitivamente no país. Do Japão, por exemplo, devem desembarcar a Mazda e a Lexus. Da China, que chegou ao Brasil provocando medidas protecionistas do governo, como o aumento do IPI para importados de montadoras que não têm fabrica no Brasil, pode vir a Geely.
Marcas consolidadas, como Fiat e Ford, também se movimentarão bastante, principalmente com relação a lançamentos de produtos de melhor qualidade e preços mais baixos para combater os de origem asiática. Algumas estão renovando o portfólio de produtos ; caso do Ford Fusion, apresentado na segunda-feira com pompa em Detroit.
Ao mesmo tempo, as ;recém-chegadas; ao Brasil se esforçam para ganhar participação no mercado também com novos modelos, como a Hyundai, com o i15, e a Toyota, com o Etios, que será concorrente do Gol e do Uno.
O repórter viajou a convite da Anfavea