Agência France-Presse
postado em 13/01/2012 17:50
Paris - A perda pela França de seu rating de crédito superior, o cobiçado triplo A, confirmada nesta sexta-feira (13) pelo primeiro-ministro francês, François Fillon, pode causar uma reação em cadeia no país e prejudicar as esperanças para a reeleição do presidente Nicolas Sarkozy, disseram especialistas de mercado.A agência de classificação de crédito Standard and Poor;s rebaixou em um escalão a nota da França, de AAA para AA%2b, comprometendo a credibilidade do país e intensificando as incertezas sobre a crise da dívida na zona do euro.
"Não é uma boa notícia, mas também não é uma catástrofe", disse Fillon à rede de televisão France 2, antes de afirmar que "não são as agências de classificação que ditam a política da França".
"Nós podemos acabar como a Itália, com a crise crescendo como uma bola de neve", disse por outro lado Nicolas Bouzou, consultor da Asteres.
Segundo Bouzou, uma das consequências desta decisão é que a França terá que pagar mais para levantar dinheiro no mercado, e seu bônus a 10 anos pode ter que pagar um retorno de 4%.
Se isso acontecer, a dívida do país será ainda mais difícil de gerir, o que irá afastar os investidores e consumidores, e levar o país em uma espiral de recessão.
Sarkozy já lançou um programa limitado de medidas de austeridade destinadas a tranquilizar os mercados. No mês passado, ele havia alertado seus membros que "se eu perder o triplo, estou morto."
Com sua reeleição em jogo em menos de 100 dias, o presidente francês pode ser forçado a realizar reformas radicais, que de outra forma não teria sequer considerado, como a liberalização do mercado de trabalho e acelerar a reforma das pensões, disse Bouzou.
[SAIBAMAIS]Segundo o Fillon, no entanto, o governo francês não irá apresentar um novo plano de austeridade após a perda da máxima nota creditícia, triplo A.
A crise já causou mudanças na Europa, onde os eleitores irritados lançaram-se sobre os governos para mostrar seu descontentamento com a situação econômica.
Em dezembro, Sarkozy parecia aceitar o fato de que a França teria sua nota reduzida, declarando que iria superar este desafio.
"Será mais um desafio, mas ele não é insuperável", disse ele em entrevista ao jornal Le Monde. "Se eles tirarem, nós vamos enfrentar a situação com frieza e tranqüilidade."