Economia

Com agravamento da crise externa, mercado espera redução da Selic

postado em 15/01/2012 13:59
Brasília ; O agravamento da crise externa e, por consequência, a perspectiva de menor crescimento econômico deve levar o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) a reduzir mais uma vez a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual, no próximo dia 18. A expectativa é de economistas e analistas do mercado financeiro. Atualmente, a Selic está em 11% ao ano.

Em dezembro, ao divulgar o Relatório de Inflação, o BC indicou que a queda da taxa Selic, para reaquecer a economia neste ano, leva ao risco de maior inflação em 2013. No cenário de mercado, em que são consideradas as expectativas do mercado financeiro para o comportamento do câmbio e a variação da taxa Selic, a inflação deve ficar mais distante do centro da meta em 2013. Hoje, esse parâmetro está em 4,5%. A previsão do mercado é que a inflação fique em 4,8%, em 2012, e 5,3%, em 2013. Em 2011, a inflação ficou no limite superior da meta (6,5%).

Na avaliação da professora de economia da Universidade de São Paulo (USP) Leda Paulani, a atual diretoria do BC tem ;uma postura um pouco diferente do que estávamos acostumados;. ;Essa equipe é um pouco mais preocupada com a questão do crescimento econômico;, ressalta.

Leda considera que está havendo uma pequena alta nos índices de inflação, mas dentro de ;um padrão normal;. Por isso, para ela, é importante estimular a economia com corte de juros, em momento de agravamento da crise econômica externa. ;A situação externa não vai se resolver no curto prazo. São problemas estruturais das economias da Europa;, acrescenta.

O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Oliveira, também avalia que o governo está atualmente mais preocupado com o estímulo ao crescimento econômico, do que com a possibilidade de alguma alta dos preços. ;Mas isso não quer dizer que o Banco Central vá descuidar da inflação. A própria desaceleração econômica contribui para que a inflação não dispare;, analisa.

Oliveira disse ainda que se o governo deixasse a economia sem estímulos, haveria aumento do desemprego e da inadimplência. Ele acredita que, de agora em diante, o consumidor contará com taxa de juros cada vez menores, por influência da queda da Selic, mas terá que lidar com uma inflação um pouco mais alta.

De acordo com a pesquisa Focus, feita pelo BC com analistas do mercado financeiro, a expectativa para a primeira reunião do ano do Copom é de mais uma redução de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros. A pesquisa, divulgada na semana passada, mostra que, para o fim de 2012, a expectativa é que a Selic fique em 9,5% ao ano. Para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em 2012, a estimativa é de 5,31%, com crescimento da economia de 3,3%.

Com expectativa de inflação maior em 2013 do que neste ano, o banco Itaú acredita que ;o BC optará por cortar mais os juros no curto prazo para garantir a retomada da atividade e, em 2013, elevará a Selic até 11,50% para reequilibrar a economia;. Para este ano, a expectativa do banco é que a Selic seja reduzida a até 9%, com quatro quedas consecutivas de 0,5 ponto percentual.

Mas o banco pondera que há sinalizações de mais cautela do BC e a possibilidade de que outros instrumentos sejam usados para estimular o crescimento econômico, o que pode levar a um ciclo mais curto de redução dos juros básicos. A instituição financeira espera por crescimento econômico de 3,5% e inflação de 5,2%, em 2012. ;A elevação substancial do salário mínimo e a redução temporária do IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados] para bens duráveis vão contribuir para o crescimento no primeiro trimestre. Mais adiante, o efeito dos juros menores e gastos públicos em alta ganharão tração, levando a economia a um pico de crescimento no segundo semestre;, avalia o banco, em relatório.

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