postado em 15/01/2012 16:28
Faltam apenas 21 dias para o encerramento das inscrições ao concurso do Senado. Em menos de dois meses, milhares de concurseiros, espalhados pelas capitais dos 26 estados mais o Distrito Federal, farão as provas da primeira fase. Cada um tem sua história e seu modo de preparação, mas todos almejam a estabilidade oferecida pelo serviço público e os altos salários ofertados pela Casa ; R$ 13.833,64 para as 25 vagas de policial e as 79 de técnico; R$ 18.440,64 destinados às 133 oportunidades de analista; e R$ 23.826,57 ofertados a quem se tornar consultor, cargo com nove chances.
Luis Felipe Miranda, 29 anos, é um dos interessados nos benefícios do Legislativo. Ele pretende ocupar o posto de técnico, na especialidade administração. Depois de trabalhar durante cinco anos como vendedor em uma rede de varejo, o brasiliense pediu demissão, no meio de 2011, a fim de se dedicar exclusivamente à preparação ao Senado. Sua rotina não é fácil: passa manhãs, tardes e noites estudando. Banca cursinho, compra apostilas e pagará a alta taxa de inscrição com o dinheiro de direitos trabalhistas. Tanto esforço tem suas razões. ;Quero garantir um bom futuro para meu filho, de 7 anos, e meu sonho é fazer faculdade de direito. Estou desempregado, aposto tudo nesse concurso;, afirma.
Para que tanto empenho não seja em vão, o conselho de especialistas é adequar o estudo ao tempo que resta. Wilson Granjeiro, presidente do preparatório Gran Cursos, recomenda organização aos candidatos. ;O certame do Senado exige uma preparação afiada. Assistam a aulas e reservem de duas a três horas por dia para ler resumos e resolver de 30 a 50 exercícios de provas antigas da FGV (Fundação Getulio Vargas, banca examinadora da seleção);, ressalta. Como a carga de escrita é grande, especialmente para consultores, Granjeiro observa a importância da leitura e da prática do escrever. ;Leiam e interpretem textos. Façam e revisem uma ou duas redações por semana;, sugere o especialista.
Ler e escrever são as paixões do publicitário Pedro Rafael Barbosa, 26 anos, que tenta uma das vagas para analista, na especialidade redação e revisão de textos. Apesar de não frequentar cursos preparatórios, o brasiliense segue algumas das dicas de Granjeiro, como fazer provas da FGV e ter a leitura como hábito. ;Estudo seis horas por dia em casa. De manhã, vejo português, inglês e a parte de conhecimentos específicos. À tarde, estudo mais nosso idioma, leio os direitos e resolvo exercícios de provas anteriores;, esquematiza.
Pedro Rafael não está há muito tempo estudando para o Senado: começou dois meses atrás. Se depender de seu aproveitamento em concursos, entretanto, irá bem. ;Me formei há pouco mais de um ano e, até agora, só prestei um certame, o de analista, na função de publicidade, da EBC (Empresa Brasil de Comunicação). Passei em quarto lugar e estou na espera para ser empossado. Claro que, se conseguir passar no Senado, que oferece um salário muito maior e me dá a oportunidade de estar mais próximo ao poder, trabalhando no Congresso Nacional, posso fazer uma mudança de ares;, brinca.
Quem já está lá
O consultor legislativo Rafael Silveira, 37, estudou por conta própria e começou a preparação quase simultaneamente ao lançamento do edital. Isso foi em 2001, quando o concurso do Senado foi organizado pelo Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe). ;Eu não estava estudando muito, porque já era servidor público e tinha conhecimento de direitos administrativo e constitucional, além de ser competente em português. Fui atrás dos livros, peguei cada item do conteúdo programático e me preparei por apostilas. Até li, mas baseei meu estudo em uma intensa resolução de exercícios e provas anteriores. Acho que isso é o principal na reta final;, acredita.
Silveira alerta os que forem fazer a prova de consultor para a nota de corte e lembra que isso reprovou vários candidatos na época. ;Muitos têm uma especialização formidável e são ótimos em determinada área, mas, como o concurso é amplo e tem diversas matérias no edital, a preparação deve ser generalista. Lembro que muitas pessoas com excelente formação foram eliminadas por não se prepararem adequadamente em alguma área;, recorda.
Estratégias
Emerson Douglas é professor de regimento interno em dois cursinhos preparatórios e especialista em concursos: já foi analista do Senado e, hoje, atua no Tribunal de Contas da União (TCU). Ele diz que o estudo deve ser distinto para os candidatos que se preparam há muito tempo e os que começaram a estudar recentemente. ;Aos que chegaram agora, recomendo criar uma base nas diversas áreas e identificar temas nos quais tenham mais dificuldade. Quem já tiver estudado bastante deve focar nos conhecimentos específicos;, diferencia o docente.
Annabelle Jimenez, 24 anos, é do time dos que se preparam há tempos. Há um ano, ela estuda para o cargo de consultor, na subárea direitos humanos e cidadania. A formação em direito e as avaliações da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) são diferenciais na preparação. ;Escolhi esse concurso pela identificação com a área, que envolve bastante história, além, claro, do salário elevado e da estabilidade oferecida pelo serviço público. A carga da OAB me ajuda nos direitos administrativo e constitucional e também pelo fato de ter suas provas organizadas pela FGV;, resume.
Apesar da longa dedicação, Annabelle não diminuiu o ritmo. Continua estudando oito horas por dia, exceto aos sábados, pois é adventista. E, até agora, a boliviana naturalizada brasileira não frequentou cursinhos. Nesta reta final, ela busca aulas on-line de português, inglês e raciocínio lógico. ;Tenho de chegar afiada em todas as matérias no dia da prova. Como não achei cursos presenciais para o cargo que quero, estou procurando preparação para essas três disciplinas pela internet. Espero que seja o suficiente para passar;, finaliza.
Seleção cara
R$ 180 é o valor a ser pago pelos candidatos às vagas de policial ou técnico, que exigem nível médio. Aos graduados, a taxa varia: R$ 190 para aspirantes a analista e R$ 200 a quem deseja ser consultor.
Estudo generalizado
Cada matéria da primeira fase de consultor tem como exigência um mínimo de acertos. Em português, são ao menos oito questões de um total de 15; em conhecimentos gerais e direitos constitucional e administrativo, cinco de 10; em administração e políticas públicas, duas de cinco; em raciocínio lógico, duas de seis; em inglês, uma entre quatro; e, em conhecimentos específicos, 18 de 30.