Economia

Bird prevê risco maior aos países emergentes em 2012

Por conta da crise, o Banco Mundial diminui a estimativa de crescimento do PIB brasileiro para 3,4%

postado em 19/01/2012 08:00
Justin Lin advertiu:
O Banco Mundial (Bird) reforçou o coro dos analistas e das instituições que estimam a piora do cenário econômico global e preveem um risco maior aos países emergentes em 2012. A organização reduziu ontem a estimativa de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 4,3% para 3,4% este ano e deixou claro que nenhuma nação estará imune aos efeitos da crise. Para o Bird, nem mesmo a elevação dos preços de commodities, que sustentou o avanço das economias em desenvolvimento depois de 2008 ; especialmente na América Latina ;, as blindará da desaceleração internacional. A deterioração será puxada pelos países ricos, em particular a Zona do Euro, região para a qual o Bird estima o encolhimento de 0,3% no PIB.

O diagnóstico traçado pela instituição mostra que a dificuldade de recuperação nos países de alta renda e o crescimento menor da China prejudicarão as exportações em escala global. Outra via de contágio será a escassez de crédito e de fluxos de capital internacional, que afetarão o consumo e os investimentos. ;Muitos países latino-americanos se beneficiaram dos altos preços das matérias-primas, mas as perspectivas futuras são vulneráveis à queda do crescimento mundial;, destacou o banco.

O vice-presidente da área de Economia do Desenvolvimento do banco, Justin Lin, recomendou aos emergentes a antecipação da busca por recursos para financiar deficits orçamentários e a priorização de gastos sociais e de infraestrutura, como forma de fortalecer seus mercados. No sistema financeiro, o representante sugeriu a realização de testes de resistência, para comprovar a estabilidade dos bancos. ;Os países em desenvolvimento devem avaliar suas brechas e se preparar melhor para a crise enquanto há tempo;, advertiu.

Cenário pior
Enfático, o chefe do Departamento de Macroeconomia do Bird e um dos autores do estudo, Andrew Burns, alertou que o cenário pode ser pior do que foi em 2008. ;A escalada da crise não deixará ninguém imune. As taxas de crescimento dos países desenvolvidos podem cair tanto ou mais que em 2008. Não podemos deixar de enfatizar a importância de haver planos de contingência;, assegurou.

Se a previsão do Bird se confirmar, o Brasil fechará o ano com desempenho inferior ao da América Latina (3,6%) e pior do que o da vizinha Argentina (3,7%). Ainda assim, crescerá mais do que a média mundial (2,5%) e do que o conjunto das nações ricas (1,4%). Nos cálculos do banco, o PIB global cresceu 2,7% no ano passado e só deve se recuperar em 2013, quando chegará aos 3,1%.

Para parte do mercado, embora o Brasil não esteja imune aos efeitos da crise, a dinâmica do crescimento este ano estará muito mais ligada aos estímulos fiscais e de crédito que o governo é capaz de promover na economia doméstica do que ao cenário externo. ;Há uma expansão natural que ainda vai ser sustentada pelo incremento da renda e pelo emprego, além dos bilhões que o aumento de 14,1% do salário mínimo vão jogar na economia;, considerou Felipe Queiroz, analista da agência de classificação de risco Austin Rating.


Impasse na Grécia

O governo grego partiu ontem para o confronto com seus credores. Foram retomadas as negociações entre as autoridades do país e integrantes do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês). O primeiro-ministro grego, Lucas Papademos, disse ao The New York Times que vai estudar a adoção de uma legislação que obrigue os credores a assumir perdas em suas carteiras se nenhum acordo puder ser alcançado. Papademos quer que a Grécia receba 100% de participação em um programa no qual os detentores de bônus dariam baixa voluntariamente em US$ 130 bilhões da dívida grega, de US$ 450 bilhões. Caso contrário, os resistentes assumiriam perdas. Após a longa reunião de ontem, credores privados afirmaram que as negociações continuarão hoje.

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