Agência France-Presse
postado em 25/01/2012 18:32
Tóquio - O Japão registrou em 2011 seu primeiro déficit comercial desde 1980 devido às perturbações provocadas pelo terremoto e tsunami de 11 de março de 2011 e pelo aumento dos gastos energéticos depois do acidente na central nuclear de Fukushima.O déficit comercial da terceira economia mundial chegou a 2,4927 trilhões de ienes (32 bilhões de dólares, 25 bilhões de euros) no conjunto do ano, segundo o Ministério das Finanças.
As importações tiveram um aumento de 12%, provocado pelo maior gasto com petróleo (%2b21,3%) e com gás natural líquido (%2b37,5%).
Os preços dos combustíveis não foram os únicos a subir: o arquipélago também teve que importar mais gás do que nunca para compensar o colapso da geração de eletricidade nas centrais nucleares, depois do acidente de Fukushima.
Em 2011 também houve um importante aumento das importações de produtos alimentícios (%2b12,4% em valor).
O valor global das exportações caiu, em compensação, 2,7% em relação a 2010 devido a uma forte queda do faturamento externo dos semicondutores (-14,2%) e de automóveis (-12,1%).
As indústrias eletrônica e automotiva também sofreram graves perturbações depois do terremoto e tsunami.
Além disso, quando a situação começou a ser normalizada, as inundações da Tailândia no outono alteraram os circuitos habituais de trânsito de peças e produtos acabados.
Segundo especialistas, o fortalecimento do iene, que tocou suas máximas históricas, encareceu a produção "Made in Japan" e reduziu as remessas enviadas pelas empresas japonesas no exterior. Isso se deveu ao fato de que a divisa japonesa é considerada um valor de refúgio pelos investidores internacionais em tempos de incertezas econômicas.
No segundo semestre, o impacto da crise da dívida na Europa abalou a economia mundial e reduziu a demanda de produtos. O saldo com os países da União Europeia continuou sendo positivo, mas com uma queda de 31,3% com relação a 2010.
Na Ásia, uma região em crescimento, o déficit do Japão com a China, seu maior sócio comercial, cresceu em cinco vezes, e seus superávits com a Coreia do Sul e Taiwan foram reduzidos consideravelmente.
O déficit de 2011 é o maior desde 1980, quando foi registrado um déficit - recorde até hoje - de 2,6 trilhão de ienes, em um momento em que o país saia da segunda crise petroleira.
"O comércio foi mal desta vez nas duas direções", resumiu Satoshi Osanai, economista do Instituto de Investigação Daiwa, recordando que em 2008 (no início da crise financeira mundial), as exportações caíram, mas sem alta das importações.
De acordo com especialistas, 2011 foi um ano particularmente ruim para o arquipélago, mas outros fatores negativos ainda podem perdurar.
A geração de eletricidade nuclear deve ser reativada, mas sem alcançar os níveis anteriores ao sismo, quando representava 30% da produção nacional. O iene, por sua vez, corre o risco de continuar em alta em 2012 e seguir afetando as exportações.