O desemprego no país atingiu o nível mais baixo da série histórica: 4,7% em dezembro e 6% em 2011, divulgou na quinta-feira (26) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda de 0,7 ponto percentual em relação a 2010, quando a taxa anual ficou em 6,7%, significa não só que o mercado de trabalho absorveu os novos trabalhadores, como também que mais 200 mil pessoas, antes classificadas como desocupadas, encontraram o que fazer em 2011.
Em relação a 2003, a queda do desemprego foi ainda mais significativa. O contingente de desocupados caiu de 2,6 milhões de pessoas para 1,2 milhão no período, um recuo de 45,3%. Mas a evolução favorável nos últimos nove anos leva à conclusão errada, na opinião de Cimar Azeredo, responsável pela divulgação dos dados do IBGE, de que o país atingiu o pleno emprego. ;As disparidades regionais persistem;, alertou o economista. Em Salvador, por exemplo, a taxa de desemprego é de 9%.
;O pleno emprego leva em conta outros indicadores e não somente a taxa de desocupação. Temos muito o que melhorar;, disse Azeredo. Ainda assim, o pesquisador do IBGE considera que o número deve ser comemorado. Sandra Mara Sousa de Moraes sabe disso. A vida dela mudou para melhor depois que conseguiu um emprego fixo como empregada doméstica, há pouco mais de um mês. Antes, ela trabalhava como diarista e sua renda mensal, incerta, não passava de R$ 350. Agora, ganha R$ 700. ;Com salário fixo, vou poder contribuir mais para as despesas da casa e até já comecei a pagar minhas dívidas;, contou.
Quem está empregado há mais tempo também percebe o bom momento para o trabalhador. O maquiador e auxiliar de cabeleireiro Layon Marques, por exemplo, está mais do que satisfeito. Ele tem emprego fixo há três anos e sua profissão acaba de ser regulamentada pelo governo. Layon recebe R$ 820 por mês, mais as comissões, que variam de R$ 100 a R$ 200. ;Para quem não recebia nada e dependia dos pais, estou muito bem e feliz no meu trabalho. O próximo passo é investir no curso de moda e conseguir minha graduação;, disse.
A formalização da profissão de Layon vai ajudar a reduzir o deficit da Previdência Social. Azeredo chama a atenção para o ainda expressivo número de trabalhadores sem carteira assinada e de pessoas que não contribuem para o sistema público de pensões e aposentadorias. Embora tenha aumentado o números dos que foram contratados formalmente (veja quadro), eles ainda são apenas 10,9 milhões de pessoas num universo de 22,5 milhões da população ocupada. Mas o índice dos que contribuem para a Previdência é maior, graças aos autônomos e trabalhadores por conta própria que fazem recolhimentos.
Diferenças
Fato é que os dados do IBGE demonstram uma clara melhora para os que procuram emprego. ;Em 2009, a crise arrastou o mercado de trabalho e 2010 foi um ano de recuperação de perdas. Já 2011 foi um ano de ganhos;, definiu Azeredo. Os analistas de mercado concordam, mas chamam a atenção para outros dados que indicam que a situação não vai ser tão favorável. ;Em 2012, a taxa de desemprego deve se elevar um pouquinho, alinhada à tendência de acomodação do crescimento econômico;, previu Flávio Combat, da Concórdia Corretora.
Felipe França, economista do ABC Brasil, observa que o número agregado esconde o fato de o crescimento da população ocupada ter voltado a desacelerar. Aberta por setores, a pesquisa do IBGE continua apontando forte retração do emprego industrial. Em dezembro, a população ocupada no comércio, na reparação de veículos automotores e no setor de objetos pessoais e domésticos recuou 2,1% frente ao mesmo mês de 2010.
Além de conseguirem empregos, os trabalhadores brasileiros aumentaram a renda em 2011. O poder de compra cresceu 2,7% em relação a 2010, chegando, em média, a R$ 1.625,46. Mas as disparidades nos salários persistem. As mulheres receberam, no ano passado, 28% a menos que os homens. A discriminação pela cor da pele fica evidente nos números. A renda média anual foi de R$ 1.073,32 para os negros e de R$ 1.121,44 para os pardos. Já o salário médio dos brancos chegou a R$ 2.050,25.
1.200 vagas na Polícia Federal
A Polícia Federal confirmou que divulgará o edital de concurso para preencher os quadros da corporação até o mês que vem. Serão 500 vagas para agente e 100 para papiloscopia, todas de nível superior. Em maio, devem ser publicados os editais para a seleção de 150 delegados, 100 peritos criminais e 350 escrivães. Hoje, os salários são de R$ 7,5 mil para papiloscopista, agente de polícia e escrivão e de R$ 13,3 mil para delegado e perito. Ontem, a Fundação Carlos Chagas, organizadora do concurso do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), negou o vazamento do gabarito para o certame, que oferece 1.875 vagas para técnico do seguro social e perito médico.